O médico Ivo Pitanguy foi operado do coração há vários anos. Naquela oportunidade, para substituição da válvula aórtica.

Em setembro do ano passado, após viagem a Paris, provavelmente apresentou insuficiência renal, motivo que o levou a se submeter a sessões de hemodiálise. Em junho foi internado em hospital para tratamento de uma infecção.

Ele deve ter insistido em levar a tocha da olimpíada, mesmo em cadeira de rodas. Fragilizado pelos problemas de saúde e a emoção em participar do evento, possivelmente o levaram à parada cardíaca neste sábado (6) em casa.

Reconhecido internacionalmente como uma das maiores autoridades em cirurgia plástica, Ivo Pitanguy foi um exemplo e mestre para várias gerações de médicos.

Desenvolveu inéditas técnicas na área da cirurgia plástica, entre elas na operação das pálpebras e no rejuvenescimento facial. Essas técnicas foram relatadas em revistas científicas e apresentadas também em livros no Brasil e no exterior, em língua inglesa e alemã, que colaboraram na formação de novos cirurgiões.

Ele formou várias gerações de especialistas em sua 19ª enfermaria do Serviço de Cirurgia da Santa Casa do Rio. Neste serviço, foi também um pioneiro da cirurgia da mão, atualmente uma especialidade autônoma.

Entre seus trabalhos estão obras que o levaram a ser eleito para a Academia Brasileira de Letras. Entre outras, "Cartas a um jovem cirurgião", quando lembra aos discípulos a complexidade da operação que não se restringe apenas ao embelezamento das pessoas, mas também à recuperação de graves acidentes.

Alertava igualmente aos pacientes os percalços do procedimento. Para eles, escreveu o livro "Welcome to your facelift: what to expect before, during and after cosmetic surgery" (Bem vindo ao facelift: o que esperar antes, durante e depois da cirurgia, em tradução livre).