Uma escola estadual construída pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) na Cidade A. E. Carvalho (zona leste de SP) está abandonada e acabou destruída por vândalos e ladrões. Enquanto isso, no terreno ao lado, centenas de crianças frequentam aulas em uma escola de lata, a E.E. Cohab Águia de Haia 1.
De acordo com inquérito do Ministério Público que investigas as escolas de lata estaduais, as obras do colégio estão 94% concluídas. Segundo vizinhos, a construção começou em 2013 e os trabalhos foram paralisados há cerca de um ano. Eles afirmam que, inicialmente, havia seguranças no local. Hoje, não há ninguém.
A reportagem visitou o edifício de cinco pavimentos. No último, há uma quadra poliesportiva coberta. A parte externa está pichada. Não há grades nem cadeados para impedir a entrada. Os portões estão abertos e qualquer pessoa consegue entrar na construção. Duas meninas brincavam no local. Lixo e mato se acumulam nas duas entradas.
Na parte interna do prédio, o cenário é desolador. O que os vândalos não puderam levar foi destruído. Faltam portas, torneiras, lâmpadas, trancas, maçanetas e corrimãos. Há janelas e portas quebradas, fezes estão por toda parte e há entulho, preservativos usados, cacos de vidro e mato alto.
Segundo moradores e pais de alunos, a construção do prédio da nova escola trouxe esperança para a comunidade carente. "O desejo de termos uma escola nova aqui no bairro no bairro ficou só no sonho", diz a dona de casa Gilvanete Aparecida Monteiro Marques, 41 anos. Gilvanete é mãe de um menino de 7 anos, que estuda na escola de lata. "Ele conta que nos dias de calor é muito quente e nos dias frios, é congelante", diz.
Funcionários do colégio dizem que a transferência para o prédio estava prevista para ter acontecido há dois anos, mas os prazos foram sendo adiados.
OUTRO LADO
A Secretaria de Estado da Educação, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou por meio de nota que a construção da nova E.E. Cohab Águia de Haia foi paralisada porque a empreiteira contratada para realizar a obra não cumpriu os prazos estabelecidos. Segundo o Estado, "o processo para contratação de uma nova empresa está em andamento". As obras serão retomadas neste semestre. Disse ainda "a Diretoria de Ensino Leste 1 registrou boletins de ocorrência contra os casos de depredação".
Pais e responsáveis pelos alunos que frequentam a E.E. Cohab Águia de Haia 1 reclamam das condições da escola de lata e do que classificam como descaso do governo com a educação.
¦"Essa escola de lata foi erguida há 15 anos. Antes era de madeira. Meus filhos estudaram todos aí e, hoje, são meus netos", diz Valdete Gonçalves Freitas, 62 anos, há três décadas no bairro.
¦Segundo os alunos, não há isolamento térmico nem acústico na escola. Nos dias de chuva, o barulho da água no telhado de zinco torna impossível uma simples conversa. "A professora para de dar aula porque não escutamos nada", diz Anderson, 11 anos, neto de Valdete.