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    Depois de tropas militares, RN quer Força Nacional para evitar ataques

    RENATA MOURA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NATAL

    17/08/2016 19h27

    Reprodução/Tv Globo
    Ataques em Natal deixam ônibus e carros queimados
    Ataques em Natal deixam ônibus e carros queimados

    Próximo do fim da presença de tropas das Forças Armadas, até terça-feira (23), o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), vai pedir ao governo federal que envie desta vez equipes da Força Nacional ao Estado, como reforço na segurança após a onda de ataques a ônibus e bases policiais neste mês.

    A intenção é aproveitar o patrulhamento nas ruas reforçado para instalar bloqueadores de sinal de celular em mais unidades prisionais.

    A criação da medida em um dos presídios de Natal é apontada pelo governo potiguar como o motivo para a série de ataques criminosos desde o dia 29 de julho. São 118 tentativas e atentados em 42 municípios, pelo último balanço do governo.

    Faria quer instalar bloqueadores nas 32 unidades prisionais do Estado. O início do projeto, no entanto, desencadeou uma série de ataques criminosos e demandou o emprego de 1.200 militares para ajudar a restabelecer a ordem em agosto.

    A intenção, disse Robinson, é que a Força Nacional substitua as tropas federais que estão no Estado desde o dia 4, com prazo de permanência até o dia 23. O pedido, porém, ainda será formalizado.

    "A perspectiva é, em 30 dias, instalar também no presídio de Alcaçuz, que abriga 1.100 detentos e é o maior do estado", disse à Folha secretário de Estado de Justiça e Cidadania, Wallber Virgolino. O custo dessa instalação e o cronograma para as demais unidades não foram divulgados, segundo ele, "por questões estratégicas".

    O secretário, ao justificar a presença da Força Nacional, diz que não há indícios de que novas rebeliões sejam deflagradas no Estado, "mas o sistema penitenciário é sinônimo de tensão e o risco não pode ser descartado". "E quanto mais reforço (na segurança) nas ruas, melhor".

    Procurado, o Ministério da Defesa, via assessoria, afirmou que as Forças Armadas e a Força Nacional estão no momento envolvidas em "operações de garantia da lei e da ordem" ligadas aos Jogos Olímpicos.

    A Força Nacional é ligada ao Ministério da Justiça e composta por forças policiais. Procurado, o Ministério da Justiça não comentou, até a conclusão desta reportagem, sobre a possibilidade de auxílio ao Estado.

    Esta não seria uma medida inédita. Em 2015, o Rio Grande do Norte decretou situação de calamidade do sistema prisional e recebeu equipes da Força Nacional para reforçar o policiamento não somente nas áreas prisionais, mas em toda a capital.

    ATRASO

    A pedido do governador, a presença dos militares foi autorizada pelo presidente interino Michel Temer (PMDB) no domingo (31), dois dias depois do início dos ataques. A chegada das tropas da Marinha, Exército e Aeronáutica, porém, só ocorreu três dias depois, na quarta-feira (3); No início, o Exército informou que o pedido só havia sido formalizado um dia antes; depois disse que era o tempo necessário de reunir o efetivo.

    Desde 29 de julho, o Estado registrou 118 tentativas e ataques contra veículos e prédios públicos. Os casos mais recentes ocorreram na madrugada de segunda-feira (15), quando um carro particular e um caminhão foram queimados na zona oeste de Natal. A polícia investiga se facções criminosas participaram da ação.

    Em meio a esse clima, o presidente interino Michel Temer (PMDB) autorizou a permanência das tropas até 23 de agosto –oito dias a mais que o prazo originalmente previsto. A medida atende, em parte, pedido do governador, que havia pleiteado o reforço por até dois meses.

    "Consideramos que nosso papel, nossa missão (no RN), está concluída. Hoje Natal é uma cidade pacificada, onde acontecem incidentes isolados, como em qualquer outra capital", disse o ministro da Defesa, Raul Jungmann.

    Segundo o ministro, o período crítico "encontra-se efetivamente debelado. Portanto, missão cumprida".

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