Elas chegam em suas potentes camionetes, puxando trailers em que passam os finais de semana, junto com cavalos que chegam a custar R$ 1 milhão. Normalmente começam muito cedo, são ricas, têm boa formação acadêmica, viajam o país e o que ganham como premiação não paga o custo mensal da manutenção dos animais.
Prova exclusiva para mulheres na Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos (a 423 km de São Paulo), a disputa de Três Tambores consiste, como diz o nome, em percorrer um triângulo na arena formado por três tambores. Ganha quem fizer no menor tempo e, se o animal apresentar alguma marca de espora, por exemplo, a competidora é eliminada.
O custo mensal com manutenção dos animais e logística para as provas chega facilmente a R$ 10 mil, incluindo treinador, alimentação dos cavalos (sempre há mais de um pronto para a prova) e inscrições para as competições, que também fazem exames antidoping nos cavalos.
"É uma disputa muito cara. Ganhar dinheiro com cavalos não é fácil. O prêmio é bom para a primeira colocada, mas, para quem chega em quarto ou quinto, não compensa nem o pagamento da taxa de inscrição", diz a amazona Fernanda Cavalheiro, 28.
Ex-campeã nacional, ela tem a modalidade como profissão, iniciada aos 21 anos no estádio de rodeios de Barretos, e calcula ter obtido mais de R$ 600 mil em premiações na carreira. Apesar do valor, disse que a profissão está longe de se pagar.
O Campeonato Barretos de Três Tambores, que termina neste domingo (21), é disputado por 15 atletas, com premiação à campeã de R$ 16 mil. A inscrição custa R$ 1.000. Na próxima semana, durante o Barretos International Rodeo, o prêmio à campeã será de R$ 40 mil.
FAMÍLIA
O pai e o irmão de Fernanda trabalham num haras preparando animais para provas. Seu irmão, Paulo Augusto Cavalheiro Junior, é o recordista de prêmio numa única prova: R$ 100 mil, em 2014, numa competição em que pagou R$ 5.000 de taxa de inscrição.
"Fizeram uma oferta de R$ 1 milhão pela égua que ele usa para competir, mas o valor não necessariamente é alto. É possível, a partir dos embriões dela, produzir muitos animais, dando um retorno maior", disse Fernanda.
Quem também pratica a modalidade é a amazona Keyla Polizello, 30, de São José do Rio Preto, capa da Playboy aos 19 anos e expoente do segmento, com seis títulos internacionais em Barretos e quatro patrocinadores pessoais. Filha de um produtor rural e empresário do setor de metais sanitários, a amazona mantém atualmente 14 animais, seis dos quais usados nas competições.
É com eles que mostra seu lado empresária, ao vender todos, após treiná-los por um prazo de seis meses a um ano, por valores que chegam a R$ 300 mil. Desde o ano passado, foram 12 transações. O cachê da Playboy foi, segundo ela, todo investido em gado. Comprou 1.500 cabeças à época —hoje, o valor equivale a R$ 1,2 milhão.
"No geral, as meninas têm muito dinheiro e competir é um prazer, um hobby, mas tem quem vive só das provas e não sai da estrada. Eu devo tudo aos cavalos", disse.
A final da prova das mulheres é neste domingo. De segunda (22) a quarta (24), acontecerão em Barretos as finais da Liga Nacional de Rodeio e, entre os dias 25 e 28, o Barretos International Rodeo.
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FESTA DO PEÃO DE BARRETOS
DATA de 18 a 28 de agosto
LOCAL Parque do Peão, em Barretos (rod. Brigadeiro Faria Lima, km 428)
SHOWS 120, distribuídos em 7 palcos
PREÇOS de R$ 10 a R$ 160 (inteira; valores variam conforme dia)
MAIS INFORMAÇÕES independentes.com.br
MONTARIAS EM TOURO
18 a 21 - Final do circuito da PBR (Professional Bull Riders)
22 a 24 e 27 - Final da Liga Nacional de Rodeios
25 a 28 - Barretos International Rodeo
PRINCIPAIS SHOWS
18 - Simone e Simaria, Jads e Jadson
19 - Wesley Safadão, Eduardo Costa e Leonardo
20 - Henrique e Juliano, Zé Neto e Cristiano
21 - Fernando e Sorocaba, Paula Fernandes
23 - Maria Cecília e Rodolfo
24 - Zé Henrique e Gabriel, Teodoro e Sampaio
25 - Henrique e Diego, Bruno e Barretto, Aviões do Forró
26 - Jorge e Mateus, Thaeme e Thiago, João Bosco e Vinicius, João Neto e Frederico
27 - Zezé di Camargo e Luciano, Gusttavo Lima, Matogrosso e Mathias, Rio Negro e Solimões
28 - Milionário e Marciano
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ONGs X RODEIOS
O que alegam as entidades de proteção
- Cordas (sedém) presas aos testículos dos touros, para que pulem, geram dor
- São aplicados choques nos bretes (onde ficam antes da montaria), uma forma de tortura
- Os animais ficam estressados em locais barulhentos e muito iluminados, diferentes de seu habitat
O que dizem os rodeios
- O sedém usado é de lã e fica distante dos testículos, sendo apenas um estímulo
- Não existe choque nos touros, e sim um condutor elétrico, de baixíssima amperagem
- Eles pulam por índole e são muito bem cuidados, inclusive com piso emborrachado nos caminhões