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    Risco de atraso em aeroportos vai aumentar durante Paraolimpíada

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    22/08/2016 02h00

    Às vésperas da Paraolimpíada do Rio, que ocorrerá entre 7 e 18 de setembro, a operação nos aeroportos do país ficará mais complexa do que na Olimpíada –e os riscos de atrasos e filas devem aumentar, avaliam empresas e profissionais do setor.

    O motivo é a logística inédita para receber as 557 mil pessoas que deverão ir ao Rio, boa parte com necessidades específicas de locomoção, incluindo atletas, torcedores, funcionários e jornalistas.

    Os aeroportos e companhias aéreas brasileiras têm histórico de despreparo no transporte de passageiros com deficiências. Num dos casos mais emblemáticos, em 2014, a empresária Katya Hemelrijk da Silva, 40, teve que se arrastar por uma escada para entrar numa aeronave em Foz do Iguaçu (PR).

    "Rezo para que deem conta, mas acho que não há treinamento suficiente para isso", diz Katya, que planeja viajar com um grupo de amigos, dez deles cadeirantes, para assistir aos Jogos.

    Daniel Marenco/Folhapress
    Terminal 1 do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão
    Terminal 1 do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão
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    Para a SAC (Secretaria de Aviação Civil), vinculada ao Ministério dos Transportes, a Paraolimpíada tem uma complexidade de logística inédita, ainda que na Olimpíada houvesse mais passageiros. "Mudanças tiveram que ser feitas para ver como seria ter 20, 30 cadeirantes num mesmo voo", afirma Marcus Pires, chefe de serviços da SAC e membro do Comitê Técnico de Operações Especiais.

    A secretaria desenvolveu simulados de embarque, desembarque e fluxo de passageiros com deficiência desde 2015. Foram observadas falhas que vão de atrasos à falta de identificação do dono de cadeiras de rodas.

    Aeroportos na Paraolimpiada

    LANCHE

    Na prática, os passageiros devem se preparar para chegar mais cedo nos aeroportos. Antes da Olimpíada, as empresas já recomendavam antecedência de duas horas para voos nacionais, devido a nova inspeção mais rígida.

    Em um de seus testes da Paraolimpíada, a Latam embarcou 15 cadeirantes num mesmo avião. A operação atrasou 45 minutos, o que provoca efeito cascata em outros voos.

    A empresa teve que rever seu atendimento. Uma porta acessória do lado direito da aeronave deverá ser aberta para dar fluxo ao embarque e retirar as cadeiras de rodas.

    PÚBLICO ESPERADO É DE 557 MIL PESSOAS -

    Para facilitar a ida de cadeirantes ao banheiro, a Latam suspenderá o carrinho de lanche na ponte aérea e entregará a comida na porta do avião.

    O aeroporto de Guarulhos vai destinar um caminho isolado para as delegações circularem e ampliou a sinalização tátil e visual no aeroporto. Deverá haver ainda um local para cães-guias se alimentarem após o desembarque.

    O rapper e cadeirante Billy Gaga, 38, no entanto, é cético quanto ao futuro. "Durante a Paraolimpíada, vai ter uma força-tarefa para minimizar os danos. Mas quanto disso vai permanecer depois?"

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