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    Residentes médicos paralisam atividades na Santa Casa de SP

    PAULO GOMES
    DE SÃO PAULO

    23/08/2016 02h00

    J.Duran Machfee/Folhapress
    Santa Casa de Misericórdia de SP iniciou nesta terça o processo de demissão de 1.397 funcionários, entre eles 184 médicos
    Santa Casa de Misericórdia de SP deixou de fazer cirurgias eletivas em julho

    Os residentes médicos do departamento de cirurgia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo estão sem trabalhar desde segunda-feira (22). Eles protestam contra o número expressivo de pacientes aguardando cirurgia que não podem ser operados, em especial os com câncer.

    A medida ocorre após o hospital deixar de fazer, em julho, as chamadas cirurgias eletivas –as que não têm caráter de urgência. Cirurgias emergenciais continuam a ser feitas no pronto-socorro e na UTI (unidade de terapia intensiva) da Santa Casa.

    "Vínhamos tentando resolver os problemas, mas continuam chegando pacientes para consulta e temos que fazer o encaminhamento (para cirurgia). Temos mais de 300 pacientes com câncer, parados, e não conseguimos 'devolvê-los' para outros hospitais", diz Felipe Lacerda, 28, residente médico do departamento de cirurgia.

    Lacerda afirma que a suspensão "comprometeu os pacientes" e que, com ela, "um tumor pode evoluir muito rapidamente e se tornar inoperável". Ele diz que a paralisação tem como objetivo forçar a direção da instituição a dar uma solução para os pacientes que se encontram nesse impasse.

    Além do departamento cirúrgico, a equipe de residentes da cirurgia pediátrica, do departamento de pediatria, também aderiu à paralisação. No total, são 119 residentes sem trabalhar. Apenas 10 dos 123 residentes do departamento cirúrgico não aderiram.

    CRISE

    A Santa Casa passa pela maior crise de sua história. Com um dívida de R$ 868 milhões com fornecedores e credores, o hospital pleiteia um aporte financeiro de R$ 360 milhões do BNDEs e da Caixa Econômica Federal para conseguir retomar sua plena atividade.

    Em nota, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo afirmou que continua na expectativa de receber aporte financeiro para reestruturar sua dívida. O hospital diz que as cirurgias marcadas com antecedência continuam restritas –no final de julho, tinha afirmado que um "respiro financeiro" ocorreria ainda na primeira semana de agosto e que os pacientes teriam suas cirurgias remarcadas, o que não ocorreu.

    A instituição confirmou a paralisação dos residentes da cirurgia, de um total de 755 médicos residentes. "A Santa Casa conta com um corpo clínico composto por 1.213 médicos, além dos residentes que não aderiram à paralisação, e, portanto, o atendimento ambulatorial não será afetado", informou.

    A nota afirma ainda que a segurança dos pacientes é "prioridade absoluta" e que, portanto, o hospital "só retomará o ritmo de realização de cirurgias eletivas quando houver todas as condições necessárias para prestar este serviço".

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