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    Reduzir cobertura mínima dos planos não será prioridade, diz ministro

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    24/08/2016 13h28 - Atualizado às 22h58

    Jorge Hely/Brazil Photo Press/Folhapress
    O ministro da Saúde, Ricardo Barros, no lançamento do Centro de Operações Conjuntas da Saúde para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos
    O ministro da Saúde, Ricardo Barros, no lançamento do Centro de Operações Conjuntas da Saúde

    Alvo de críticas do setor pela proposta de ofertar planos de saúde "populares", o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse nesta quarta-feira (24) que o grupo formado pelo governo para discutir o tema irá agora avaliar a possibilidade de reduzir os preços dos planos sem que haja diminuição da cobertura mínima obrigatória de serviços.

    "A redução do rol de obrigações não será prioridade nessa negociação", afirmou o ministro em balanço da gestão em três meses à frente da pasta no governo Temer. A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) é responsável por estabelecer essas obrigações no país.

    O ministro ressalta, no entanto, que a questão ainda não está definida. "Vamos aguardar a comissão decidir", disse, em referência ao grupo de trabalho criado no início deste mês para elaborar a proposta.

    RECUO

    A declaração representa um primeiro sinal de recuo do ministro em meio aos protestos de entidades de defesa do consumidor, associações médicas e movimentos em defesa do SUS, que temem que a oferta de planos com cobertura reduzida traga "retrocesso" nos direitos dos usuários e prejuízos ao SUS.

    Até então, a diminuição na cobertura mínima de serviços vinha sendo defendida pelo ministro Ricardo Barros como condição essencial para a oferta desses planos.

    Segundo Barros, a possibilidade de reduzir os preços dos planos "com outras medidas" foi apresentada à comissão por uma das áreas interessadas. Questionado, evitou dar detalhes das medidas.

    O grupo de trabalho escolhido também vinha sendo criticado por entidades de defesa do consumidor.

    Para elas, a composição da equipe apenas com representantes do governo e de empresas de planos de saúde trazia riscos de "retrocesso" aos direitos dos usuários desses serviços.

    Após as reclamações, o ministro anunciou que iria ampliar o grupo para discutir a ideia dentro do governo.

    Durante o encontro, o ministro apresentou um balanço de medidas adotadas na pasta nos últimos três meses, como a redução de 417 cargos e revisão de contratos e dos preços na aquisição de medicamentos.

    Segundo ele, a economia obtida foi de R$ 384 milhões, que devem ser encaminhados para ajudar prefeituras no custeio de UPAs (unidades de pronto-atendimento) e para ampliar a oferta de remédios.

    POLÊMICAS

    O anúncio, em tom positivo, foi divulgado poucos dias após auxiliares do presidente interino Michel Temer terem ficado incomodados com declarações polêmicas do ministro à frente da pasta.

    No dia 11, Barros afirmou que os homens procuram menos os serviços de saúde porque "trabalham mais" que as mulheres e "são os provedores" da maioria das famílias. Ele pediu desculpas após o ocorrido.

    Outra polêmica envolvendo o ministro da Saúde ocorreu quando, em entrevista à Folha, disse que em algum momento, o país não conseguirá mais sustentar os direitos que a Constituição garante —como o acesso universal à saúde- e que seria preciso repensá-los.

    "Vamos ter que repactuar, como aconteceu na Grécia, [...] e em outros países que tiveram que repactuar as obrigações do Estado porque ele não tinha mais capacidade de sustentá-las", disse. Ele depois recuou da afirmação.

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