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    tragédia no rio doce

    Samarco quer adiar remoção de lama de local com risco de novo acidente

    JOSÉ MARQUES
    DE BELO HORIZONTE

    25/08/2016 12h05 - Atualizado às 12h14

    A Samarco pediu ao Ibama para adiar a etapa emergencial da retirada de lama da usina hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga), que reteve 10 bilhões de litros de rejeitos vazados da barragem de Fundão, em Mariana (MG). Segundo o órgão ambiental, há risco de novo acidente caso a remoção não seja feita com urgência.

    A previsão era que a retirada inicial –de 400 metros a partir do barramento da usina– fosse concluída até 31 de dezembro deste ano, mas a mineradora solicitou o adiamento para junho de 2017 ou, no mais tardar, abril de 2018. Atualmente, o trecho tem 1,3 bilhão de litros de lama.

    Procurada, a Samarco diz que deve terminar o trabalho em junho de 2017 e que, quando se comprometeu a retirar os 400 metros este ano, estimava haver menos da metade da quantidade de rejeitos que estão depositados no local.

    Candonga fica a 100 km de Fundão e foi o lugar onde ficou a parte mais grossa da lama que vazou em Mariana (MG) no dia 5 de novembro e destruiu vilarejos, meio ambiente e matou 19 pessoas.

    O compromisso de remoção da lama faz parte do acordo que a Samarco e suas proprietárias, a Vale e a BHP Billiton, fizeram com a União e os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A homologação do trato foi anulada pela Justiça, mas as empresas têm dito que seus termos continuam valendo.

    De acordo com o documento, a Samarco pagaria multa de R$ 1 milhão e mais R$ 50 mil diários em caso de descumprimento de qualquer uma das cláusulas.

    REJEIÇÃO

    Embora a Samarco afirme que prolongará os trabalhos até junho, o comitê interfederativo de recuperação do rio Doce, do qual o Ibama faz parte, rejeitou o pedido de adiamento. Em ofício assinado no último dia 18, o instituto ambiental disse que a fundação criada pela mineradora para recuperar o rio Doce deve tomar "os esforços necessários para viabilizar que a dragagem emergencial dos 400 metros seja realizada integralmente este ano".

    "O atraso da dragagem agrega riscos à sociedade e ao meio ambiente, e constitui inadimplemento ao TTAC [o acordo] e, assim, seu descumprimento", diz o ofício.

    Segundo o superintendente do Ibama em Minas Gerais, Marcelo Belisário, além de retirar a sobrecarga que a lama de rejeitos faz sobre a barragem, a remoção inicial permitiria o retorno da operação de geração de energia de Candonga.

    OUTRO LADO

    Procurada, a Samarco diz que quando assinou o termo de compromisso, em março, estimava haver 550 milhões de litros nos primeiros 400 metros da barragem, mas que uma nova avaliação, feita depois da assinatura, descobriu que são 1,3 bilhão. A mineradora diz que até o fim do ano retirará mais lama do que o previsto inicialmente: 683 milhões de litros.

    "É esse aumento no volume do rejeito, além da criação de áreas ambientalmente corretas para sua destinação, que obriga o prolongamento do trabalho de dragagem até junho de 2017", informa, em nota.

    O Caminho da Lama

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