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    Festa do Peão de Barretos

    ONGs interferem pouco em rodeios no exterior, diz presidente de circuito

    MARCELO TOLEDO
    ENVIADO ESPECIAL A BARRETOS

    26/08/2016 16h04

    Mariana Martins/ Folhapress
    BARRETOS, SP, BRASIL-17-08-2013: Festa do Peo de Boiadeiro em Barretos, interior de So Paulo. A 58» edio do evento tem expectativa de pblico de 900 mil pessoas. Na foto final liga nacional de rodeio. ( Foto: Mariana Martins/ Folhapress ) ***REGIONAIS *** EXCLUSIVO FOLHA RIBEIRAO***
    Montaria em Barretos em 2013

    Em países desenvolvidos, entidades de proteção animal pouco interferem em rodeios.

    A afirmação sobre o maior imbróglio existente nas arenas é de Martha Cajado, diretora-presidente da PBR (Professional Bull Riders) Brasil, que faz atualmente a principal competição de montarias em touros no país. No último fim de semana, realizou a final de seu circuito na Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos (a 423 km de São Paulo).

    Além de peões brasileiros, a PBR abriga competidores de EUA, Canadá, México e Austrália e projeta um mercado global no futuro para a modalidade.

    "Em países como EUA, Austrália e Canadá, que são mais desenvolvidos, existe pouca interferência dos movimentos de proteção animal, o que demonstra mais confiança da população na seriedade e profissionalização do esporte nesses locais", disse.

    A discussão sobre a existência ou não de maus tratos é o principal conflito envolvendo os organizadores de festas de peão e entidades de proteção animal no país. As ONGs afirmam que os touros só pulam por serem torturados com uma corda de lã (sedém) presa aos testículos, sofrem choques elétricos antes das montarias e são submetidos a forte estresse por ficarem numa arena com muito barulho e luminosidade.

    Enquanto isso, os rodeios alegam que o sedém não é preso nos testículos e só gera desconforto (não dor), que não há choques elétricos -que relaxariam a musculatura animal e inviabilizariam o pulo- e que os animais pulam por índole.

    Os rodeios no país estão sendo fortemente questionados nos últimos anos, assim como a vaquejada, tradição cultural especialmente no Nordeste que envolve disputa entre animais e competidores.

    Segundo a dirigente, a PBR faz um trabalho junto às ONGs e promotores de eventos para mostrar que os animais são bem tratados. "Mostramos que estes touros vivem até os 12 anos para o esporte e depois recebem a merecida aposentadoria, sendo utilizados apenas para cruzamento, vivendo por mais de 16 anos."

    Para Claudia de Carli, presidente da ONG Amor de Bicho Não Tem Preço, que foi à Justiça contra rodeios na região de Campinas, o Brasil está atrasado por avaliar que o rodeio é uma expressão cultural e os eventos usam argumentos como esse para tentar frear a queda de público nos últimos anos.

    "Em outros países há questionamentos sobre o uso de animais nessas provas, inclusive nos ricos e desenvolvidos. Basta ver as touradas e as críticas que elas recebem por maltratar animais. Há ativistas em todo lugar, como os que atuam na defesa das baleias mundo afora", disse.

    De acordo com ela, a maioria das pessoas vão aos rodeios por causa da grade de shows. "Mas nem deveriam ir, pois indiretamente financiam as provas e, consequentemente, os maus tratos."

    Ainda conforme a dirigente da PBR, a profissionalização do segmento inclui política de manejo dos animais, "cada vez mais rígida, transparente e organizada".

    "Nós também contamos sempre com o apoio dos donos das boiadas para a realização deste trabalho, já que eles investem muito nos cuidados para com esses animais como um verdadeiro patrimônio. Esses cuidados mostram a relação e paixão que estes homens, em sua grande maioria do campo, têm por esses animais", disse.

    Um bom touro de rodeio chega a valer mais de R$ 100 mil. O valor é variável, conforme a importância do animal para os rodeios.

    ENTENDA A NOTA

    Numa montaria, o desempenho do touro é essencial para o peão conseguir notas mais altas, situação que potencializa o estresse a que o animal é submetido, na avaliação das ONGs.

    Dos 100 pontos possíveis em uma montaria, até 50 são atribuídos ao touro e, o restante, ao peão. Há um tempo mínimo de oito segundos em que o competidor precisa ficar montado, caso contrário ele não pontua.

    Os juízes avaliam pulo, coice, giros e intensidade do animal na montaria, enquanto o peão tem sua nota atribuída devido à sua reação ao comportamento do touro e o estilo de montar.

    Isso significa que, se um peão for sorteado para um touro que pule pouco, verá cair sua chance de obter uma boa nota. Se o touro não pular nada, ele pode tentar novamente, com outro animal.

    Para Cajado, os questionamentos sobre os rodeios irão continuar enquanto "quem critica não entender e conhecer realmente como é o esporte". "Temos uma política muito transparente de manejo animal e jamais negamos a vinda de ONGs e entidades protetoras para acompanhar de perto todos os detalhes."

    NA ARENA

    A Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos abriu nesta quinta-feira (25) a 24ª edição do Barretos International Rodeo, principal competição de montarias em touros realizada no Parque do Peão.

    Além do circuito da PBR, disputado entre os dias 18 e 21, o mais tradicional evento sertanejo do país abrigou de segunda (22) até esta quarta-feira (24) as eliminatórias da LNR (Liga Nacional de Rodeio). A final está marcada para o próximo sábado (27).

    O campeão do rodeio internacional será conhecido no domingo (28). A festa prevê receber 900 mil pessoas nos seus 11 dias de atrações -são mais de 120 shows distribuídos em sete palcos no Parque do Peão, recinto projetado na década de 80 por Oscar Niemeyer (1907-2012).

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