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    Dirceu Cardoso da Silveira (1945 - 2016)

    Mortes: Caboclão Murici, a terra gaúcha e a viola

    WILLIAN VIEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    28/08/2016 07h45

    Como explicar a uma geração de gaúchos acostumada a levantar com os acordes do programa "Acordando com alegria" que o locutor Caboclão Murici já não está lá?

    No rádio, contava piadas (nem sempre politicamente corretas, é verdade) sobre a gente do campo, falava da roça, do gado e dos costumes (antiquados, alguns diriam). E trazia, sobretudo, as modas de viola, signos maiores desse Rio Grande rural e poético, tradução idealizada da morada do puro caboclo.

    Um mundo bucólico que se abria às quatro horas da manhã, todo santo dia. Por isso, às 2h30 ele acordava e tomava a estrada, para chegar ao estúdio e preparar a emissão. Dedicação é pouco -a própria rádio emitiu um comunicado dizendo que o locutor nunca tirara férias. Diz a viúva, Teresinha: "Se pudesse, trabalhava 24 horas por dia".

    Dirceu nasceu em Rolante, interior do Estado. Sem estudo formal, deixou a roça, virou gerente de farmácia e chegou a diretor de rede: começou com duas lojas, aposentou-se com um total de 14. Mas sua vida era o campo.

    Comprou um sítio em Araricá com um velho moinho de pedra e passou a produzir farinha de milho.

    Da terra vinha também o sertanejo raiz. Violeiro, apresentava-se onde chamavam. Só parou quando os dedos se arquearam. Seguiu ouvindo. Tinha um acervo com 200 vinis. Parte já havia doado a um jovem assistente. "Queria deixar um sucessor."

    Deixou ainda três filhas e três netos ao morrer dia 20, aos 71 anos -jamais cansado de responder o porquê do apelido. Nascera branco, mas era caboclo de alma.

    coluna.obituario@grupofolha.com.br

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