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    Parque com pinturas rupestres no Piauí volta a funcionar plenamente

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    02/09/2016 15h48

    Ameaçado por falta de recursos, o Parque Nacional da Serra da Capivara, no interior do Piauí, que abriga algumas das pinturas rupestres mais antigas da América, voltou a funcionar plenamente nesta quinta-feira (1°).

    Os 25 funcionários que fazem a manutenção do parque e cobram as entradas dos visitantes voltaram a trabalhar, depois de terem sido dispensados por duas semanas. "O dinheiro ainda não chegou, mas somos responsáveis pelo parque", diz a arqueóloga Niède Guidon à Folha.

    A Fumdham (Fundação Museu do Homem Americano), ONG presidida por Guidon, que descobriu as pinturas na década de 1970 e ajuda a administrar o parque, havia dado aviso prévio aos funcionários por falta de dinheiro.

    A organização se queixa da falta de recursos há pelo menos cinco anos, e diz que há pinturas ameaçadas pela ação de caçadores e da erosão, conforme mostrou reportagem da Folha.

    O Ministério do Meio Ambiente prometeu liberar R$ 1 milhão ao parque emergencialmente, que ainda não chegaram. A Fumdham também espera outros R$ 700 mil via Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional). "Se chegar, está ótimo. Dá para aguentar até o fim do ano", afirma a arqueóloga.

    Em nota, o Ministério do Meio Ambiente informou que os recursos não foram repassados antes porque o convênio do governo com a Fumdham, vencido no final do ano passado, não havia sido renovado.

    "Tão logo tomou conhecimento da situação, o ministro Sarney Filho determinou que fossem tomadas as providências para solucionar o problema", informa o órgão.

    Segundo o ministério, R$ 300 mil foram liberados nesta quinta (1) ao Iphan, que deve repassar o valor à Fumdham. Outros R$ 669 mil, vindos do orçamento do ministério, serão enviados em breve.

    PATRIMÔNIO

    Patrimônio da humanidade, o parque abriga mais de mil sítios arqueológicos, numa área de 130 mil hectares –cerca de 85% da cidade de São Paulo.

    Lá, foram encontrados os mais antigos vestígios do homem nas Américas, que fundamentam uma teoria de que a ocupação do continente se deu pela África, há mais de 50 mil anos, e não pelo estreito de Bering, na América do Norte, há 13 mil anos.

    Joel Silva/Folhapress
    A arqueóloga Niède Guidon, mantenedora do Parque Nacional da Serra da Capivara, no interior do Piauí
    A arqueóloga Niède Guidon, mantenedora do Parque Nacional da Serra da Capivara, no interior do Piauí

    Há 450 km de estradas dentro do parque, que levam a quatro diferentes circuitos. O esforço de preservação é enorme. A água da chuva é reaproveitada, tanques foram criados para animais e até a cor das guaritas foi desenvolvida especialmente para o parque.

    Com a diminuição dos recursos, a equipe da Fumdham foi reduzida de 270 funcionários, no auge do parque, para cerca de 40. Hoje, o time de conservação dos sítios arqueológicos, que antes chegava a 20 pessoas, se reduziu a duas.

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