Com um ano de vida, Rubens Artigas deixaria sua cidade natal, Curitiba, para ser criado pelos pais no Rio de Janeiro, onde viveu a boêmia carioca da década de 1950.

O primeiro emprego foi como repórter no "Diário Carioca". Certa vez, o jornal interceptou uma transmissão policial sobre uma morte violenta. A equipe se apressou e chegou ao local antes da polícia.

Rubinho, como era chamado na época, entrou correndo na casa e pisou no sangue. Voltou pálido, para a diversão dos colegas, que, rindo, falaram que ele ia se dar mal por alterar a cena do crime.

Depois, foi parar na sucursal do jornal em Brasília, o que o aproximou de políticos –JK foi padrinho de seu casamento com Tania, com quem teria dois filhos. Seria ainda assessor de João Goulart.

Em viagem ao México, Jango teve um problema cardíaco e foi impedido de beber e fumar. Num intervalo, o presidente o viu fumando e não resistiu: "Psiu. Joga a cartela!". Rubens assentiu.

Em Brasília, ajudaria a fundar o bloco carnavalesco Pacotão, uma brincadeira com o Pacote de Abril, de Geisel.

Nos anos 1980, foi viver em Salvador. Em uma reunião na sua casa, Artigão, como passara a ser chamado, recusou o apelo dos amigos para se abrigar da chuva súbita. "Está chovendo na minha aorta."

A boa conversa e a reputação de acolhedor o renderam a alcunha de "amigo dos amigos". Trabalhou nos jornais "O Globo", "O Estado de S. Paulo", no "Jornal do Brasil" e nesta Folha, além de assessorar diversos ministros.

Morreu aos 79, no Rio, no dia 31, de pneumonia. Deixa os filhos Luiz Fernando e Paulo, e os netos Joaquim e Antonio.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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