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    Com obra paralisada, vizinhos temem abandono de canteiros do metrô em SP

    REGIANE SOARES
    DO "AGORA"

    08/09/2016 02h05

    Após a paralisação das obras da linha 6-laranja do metrô paulista, vizinhos da construção temem que os canteiros fiquem abandonados, trazendo insegurança para moradores e comerciantes.

    O consórcio Move São Paulo, responsável pela linha que ligará a Vila Brasilândia (zona norte) à estação São Joaquim (centro), anunciou a suspensão da obra na segunda (5) devido à dificuldade para obter financiamento.

    A construção começou em 2015 e a previsão era que estivesse funcionando em 2018. O prazo já havia sido prorrogado para 2021, mas agora ainda poderá atrasar mais.

    A reportagem esteve nesta quarta (7) no canteiro de 6 das 15 estações previstas na linha e verificou que em dois deles não havia vigilante no local.

    Nas futuras estações Freguesia do Ó e Brasilândia, ambas na zona norte, ninguém tomava conta dos materiais e equipamentos.

    Nas ruas Professor Viveiros Raposo e Padre José Materni, dezenas de casas foram demolidas para dar lugar à futura estação Brasilândia. Toda a área foi cercada com tapumes. Em um canto do terreno, existe um trator.

    "Tiraram as casas, mas não começou a obra. Agora, com a paralisação, toda esta área vai ficar totalmente abandonada. É perigoso para quem fica", disse Gilson Maia, 48, comerciante cujo imóvel onde morava foi desapropriado.

    Genivaldo Benati, 47, gerente de uma Farmácia Popular, disse que na região do canteiro da futura estação João Paulo 1º (zona norte) há uma escuridão à noite e, com medo, muitos moradores tem evitado circular. "As pessoas só passam de carro".

    Veja infográfico

    "Ficou bem complicado", disse José Menassis, 45, vendedor ambulante, devido ao fechamento com tapumes em uma área que ficou isolada debaixo do viaduto Plínio de Queirós, na estação 14 Bis, Bela Vista (região central).

    VIZINHOS

    Quem mora perto das futuras estações da linha 6-Laranja lamenta a paralisação e o consequente atraso na entrega da obra.

    A operadora de telemarketing Camila Spragia, 24 anos, mora a cerca de 400 metros da futura estação João Paulo 1º, mas vai ter que esperar um pouco mais para ir ao trabalho, na Barra Funda (zona oeste), de metrô. "Não é longe, mas com o metrô seria mais rápido", disse.

    Para a operadora de telemarketing Lígia Tellinson, 28 anos, que mora perto da futura estação Brasilândia, o metrô vai facilitar a ida ao trabalho, na Lapa (zona oeste). "Vou ter que ficar esperando, infelizmente. Não tem muito o que posso fazer. Se tivesse, eu iria de metrô, porque é mais rápido e não tem trânsito", afirmou.

    A operadora de caixa desempregada Leiliane dos Santos Souza, 24 anos, também lamentou a espera para poder usar metrô, na futura estação 14 Bis. "Moro na região e seria mais fácil poder usar o metrô", disse.

    FINANCIAMENTO

    O consórcio Move São Paulo, responsável pela construção da linha 6-Laranja, alegou dificuldade para conseguir financiamento de longo prazo para concluir as obras, "condição indispensável à continuidade do projeto".

    Três empresas que integram o consórcio são investigadas pela Operação Lava Jato, sob acusação de pagar propina para políticos, o que pode afetar a capacidade de obter empréstimos.

    Já foram investidos R$ 2,7 bilhões na linha. Ao menos 370 imóveis já foram desapropriados e demolidos para a construção.

    A linha 6-Laranja vai ligar a estação São Joaquim, na região central, até a Vila Brasilândia. Quando estiver funcionando, a linha deve ser usada diariamente por mais de 600 mil pessoas.

    A Secretaria dos Transportes Metropolitanos do governo Alckmin (PSDB) disse que faz auditoria em todas as frentes de obras para preservar os locais. O consórcio será notificado se for confirmada a ausência de vigilante, diz a pasta.

    O consórcio que "todas as áreas possuem vigilância adequada, que é feita de forma presencial ou por rondas".

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