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    Erwin Theodor Rosenthal (1926 - 2016)

    Mortes: Com ele, a Alemanha ficou mais perto

    WILLIAN VIEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    11/09/2016 02h00

    Foi "colhendo nos abismos da inquietação aquela flor azul que marca heraldicamente o romantismo alemão" que Erwin Theodor Rosenthal galgou um dos mais altos postos entre os germanistas brasileiros. Quando esse discurso o acolheu na posse da 19ª cadeira da Academia Paulista de Letras em 2013, o professor aposentado já via o peso do currículo emoldurar sua imagem.

    Quando deixou o país ainda criança, Hitler tomava o poder. Em São Paulo, lecionou e foi jornalista. Em 1953, doutorou-se em literatura alemã pela USP. Escreveu sobre Goethe e Hölderlin. Traduziu Nietzsche e Benjamin.

    Seus livros, como "Introdução à Literatura Alemã", viraram clássicos. É quando o homem se separa do mito. Erwin cultivava o poder. Foi diretor da FFLCH: seu retrato segue na galeria da sala nobre - com uma de suas muitas condecorações à mostra. Seu temperamento não era fácil, a ponto de um professor-visitante austríaco ter publicado um romance autobiográfico cujo personagem menos lisonjeiro teria sido inspirado nele.

    A herança intelectual, no entanto, manteve o mito. Foi ele quem encontrou o manuscrito, em escrita gótica, do romance do etnólogo Carl von Martius, que percorreu o Brasil no começo do século 19, publicado em 1992 pela primeira vez.

    Dizia o discurso imortal que sua jornada era ao mesmo tempo goethiana e fáustica: apaixonado pelo que fazia, faria de tudo para continuar para sempre. Morreu dia 4, aos 90 anos. Casado, deixa uma filha.

    coluna.obituario@grupofolha.com.br

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