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    De fácil acesso, arma usada para matar catador custa entre R$ 100 e R$ 3.000

    PAULO GOMES
    DE SÃO PAULO

    16/09/2016 02h00

    A arma que, de acordo com a polícia, foi usada no assassinato do catador de papelão Aldemir Pontes é uma balestra, mais conhecida como besta.

    Trata-se de uma arma branca (que não é de fogo), um equipamento com aparência de espingarda, com um arco de flechas transversal acoplado na ponta. "Aqui no Brasil não tem lei para esse tipo de equipamento", afirma Rodnei Ramos, técnico de arco e flecha e diretor da escola de arco que leva seu nome. Segundo Ramos, a besta pode ser comprada até por um menor de idade.

    A arma é vendida em lojas especializadas para caça e tiro ao alvo e também em sites do segmento. O preço pode ir de R$ 100 a mais de R$ 3.000, a depender do tamanho, tecnologia e potência do equipamento.

    A apreendida com o suspeito Denis Young Kim, segundo Ramos, tem cerca de 150 libras, ou seja, boa potência, mas para distâncias curtas. "É [um modelo] mais para o tiro ao alvo. Nunca tinha ouvido falar de um crime assim", diz Ramos.

    SEMELHANÇA

    Apesar de guardar semelhanças, a besta não é um arco de flechas, como explica Thelma Tanaka, diretora da Arqueiria Ibirapuera. "A balestra é um equipamento pequeno, de fácil manuseio, com potência grande", afirma.

    Os arcos são bem maiores, não tem uma empunhadura com gatilho e normalmente precisam ser montados para uso –bem como suas flechas, que são maiores e customizadas para o arqueiro, diferentes das setas da besta.

    Tanaka lamenta que o episódio tenha sido associado ao arco, esporte olímpico. "É um esporte bonito, que queremos que cresça. Aparecer dessa maneira é ruim. É importante separar balestra de arco e flecha."

    O CASO

    O catador de papelão Aldemir Pontes, 63, foi morto após ser atingido no pescoço por uma flecha na rua Mamoré, centro de São Paulo, na tarde desta quarta-feira (14).

    A flecha veio de dentro de um Peugeot de cor prata dirigido por um homem asiático, segundo testemunhas do ataque ocorrido no Bom Retiro, bairro comercial do centro.

    Nesta quinta (15), o suspeito foi identificado como Denis Young Kim , 33, filho de coreanos. Segundo a polícia, o crime aconteceu por causa de uma dívida antiga –a carroça de Pontes teria arranhado o carro de Kim. No apartamento de Kim foi encontrada a besta utilizada para o crime, bem como uma espada e outras armas brancas, além de aproxidamente 100 g de maconha.

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