Quando tinha 18 anos, João Borba foi convidado para tocar surdo em um baile de Carnaval no Clube do Sargento. Em cima da hora, o cantor principal não deu as caras. O gerente da banda foi pedir que Borba assumisse o lugar. Assim o sambista começou a cantar, no início da década de 50. E não parou mais.

Borba nasceu em 1934, em Piracicaba (SP), mas se mudou para a capital ainda pequeno. Cresceu entre Pinheiros e Vila Madalena. Passou a infância ouvindo o pai, funcionário público que trabalhava como alfaiate, cantando sambas tradicionais. Mas foi só aos dez anos que se encantou pela música, ao ouvir um anônimo interpretando as canções de Lupicínio Rodrigues sobre amores perdidos.

O "rei da dor de cotovelo" o inspirou, na década de 70, a compor e cantar os mais belos sambas-enredos para a escola Pérola Negra. "Borba praticamente fundou a escola, e eu estava ali para assistir. Os sambas antigos eram lindíssimos", conta o amigo da Velha Guarda, Manoel Ferreira, o Manolo, hoje presidente honorário da bateria.

Sua voz fez parte da trilha da noite boêmia paulistana, em bares e gafieiras, durante 50 anos antes de ser eternizada, em 2007. Foi depois dos 70 que Borba ganhou seu primeiro CD, gravado ao vivo em um show no Sesc Pompeia, interpretando Jorge Costa.

"Ele era um baluarte, um dos últimos sambistas das escolas. Hoje a Velha Guarda foi substituída por empresários do samba", lamenta Manolo.

Aos 82, ainda cantava frequentemente em bares pela cidade. Morreu na terça (20), vítima de uma infecção. Deixa a mulher, a filha e fãs.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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