Moacyr teve grandes amores. Leda, com quem foi casado por 72 anos. O futebol, mais especificamente o São Paulo Futebol Clube. E a cidade onde passou a maior parte de vida, Promissão.

Nasceu em São Paulo, a quase 500 km da pequena cidade que adotaria como sua. A metrópole era muito hostil. Em 1918, foi chamada de "A Capital do Inferno" por causa da epidemia de gripe espanhola que vitimou 5.000 moradores. Entre eles, os pais de Moacyr, logo após seu nascimento. Foi criado pela avó materna, Idalina, que também o deixou muito cedo.

Aos 22, conseguiu um emprego como contador no Banco Noroeste e se mudou para a terra das promessas. Chegou à cidade sem dinheiro, sem ninguém, apenas com uma mala nas mãos.

Lá conheceu Leda, enquanto ela ainda estudava no internato de freiras local, casou-se e teve três filhos. Tinha, pela primeira vez, uma família. Tamanha alegria havia de ser retribuída para a cidade, e assim foi.

Se tornou professor de educação física. Fazia a alegria dos jovens ao realizar uma excursão anual para Bertioga, só para ver a cara dos pupilos ao conhecer o mar. Fundou o Rotary, presidiu o Clube Atlético e o Tênis Clube, fundou a Apae. Construiu a primeira quadra esportiva da cidade. Lutou pela criação do Hospital Geral.

Aos 56, começou a estudar direito para prestar auxílio jurídico, muitas vezes sem custo, para a comunidade. Advogou até os 92 anos.

Morreu aos 98, de uma parada cardiorrespiratória. Deixa a mulher, três filhos, três netos e dois bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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