O pedreiro que apostou na vitória do Goytacaz sobre o Flamengo porque achou o nome do time bonito; a vez que foi para o Rio pelo Exército e quis ficar uns dias a mais na cidade; o sujeito que confundiu as sacolinhas e acabou levando lixo em vez da marmita para uma viagem.

Os causos do "falecido Jair Pires" já eram todos conhecidos pelos familiares e amigos.

Com sua fala tranquila, Fausto Pamplona contava essas e outras histórias por quanto tempo deixassem –mesmo que fossem repetidas.

Quando passava do limite, ouvia da mulher um longo e sonoro "Fausto!", para que parasse de incomodar. Ele olhava como se nada tivesse feito e dava uma piscadinha seguida de uma risada.

Gostava de construir e consertar coisas. Catarinense, ele mesmo ergueu uma casa na praia. Sempre quis morar no Ribeirão da Ilha, pacato distrito histórico em Florianópolis. Mas a mulher, Rosa, gostava de movimento e nunca topou. Só mudou-se para lá após a morte da companheira, no ano passado, depois de longa luta contra o câncer.

Pescador, adorava velejar. "Isso que é esporte de verdade", dizia para os netos, com característico sotaque ilhéu, cada vez que via barcos pelas baías da capital catarinense.

Na última semana, não pôde sair para pescar por causa do vento "suli", que deixa o mar com muitas ondas.

Sofreu um infarto agudo na última quarta (28) e passa agora a velejar por outros mares. Deixa dois filhos, cinco netos e três bisnetos. A missa de 7º dia acontece nesta quarta (5), às 19h, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e São Luiz, em Florianópolis.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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