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    91% defendem veto a diploma para aluno fraco de medicina, diz Datafolha

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    06/10/2016 11h02 - Atualizado às 15h05

    Isadora Brant-25.out.2011/Folhapress
    Uma das salas de cirurgia do Hospital das Clínicas, na zona oeste de São Paulo
    Uma das salas de cirurgia do Hospital das Clínicas, na zona oeste de São Paulo

    Cerca de 84% da população aprova a nova avaliação que será aplicada a estudantes de medicina do país, mas 91% defende medidas mais restritivas em caso de baixo desempenho, como veto ao diploma ao aluno do último ano que tiver resultado insatisfatório no exame federal.

    Os dados são de pesquisa feita pelo Datafolha a pedido do CFM (Conselho Federal de Medicina). O levantamento ouviu 2.089 pessoas acima de 16 anos de todas as regiões do país. O resultado aponta que 84% dos entrevistados são a favor de que os cursos de medicina sejam avaliados no 2°, 4° e 6° ano, padrão semelhante ao exame que deve ser aplicado a partir deste ano, enquanto os demais 16% defendem avaliação única ao fim do curso, segundo as opções apresentadas.

    Questionados sobre o que deve ocorrer em caso de baixo desempenho dos alunos do 6° ano na avaliação federal, 91% opinaram que o estudante não deve receber diploma. Neste caso, 49% sugerem que o aluno receba reforço e refaça a prova completa, 40% que o aluno seja reavaliado apenas nas matérias com menor desempenho após reforço e 11% que não haja reforço.

    Avaliação dos alunos que cursam medicina - Melhor forma de avaliar os alunos

    A divulgação da pesquisa ocorre em meio ao debate sobre qual deve ser o impacto dos resultados do novo exame para alunos e faculdades de medicina.

    Inicialmente, o veto ao diploma ao aluno com baixo desempenho era cogitado na proposta de avaliação estudada pelo governo anterior, que previa que o aluno com nota baixa fizesse uma nova prova para melhorar as notas. Por essa proposta, o desempenho também seria utilizado como mecanismo de seleção para a residência médica.

    Essas medidas, no entanto, acabaram retiradas pelo novo governo após pressão de algumas entidades, como a Fenam (Federação Nacional de Médicos), que temiam que a prova tivesse caráter punitivo ao aluno. A revisão do formato do exame foi antecipada em julho pela Folha.

    Agora, a prova, apesar de obrigatória, não trará impedimentos aos alunos, de acordo com dados do Ministério da Educação. Os resultados também ficarão restritos ao aluno e a coordenadores de curso, e não haverá divulgação dos dados.

    Avaliação dos alunos que cursam medicina - Melhor forma de avaliar os alunos

    DEBATES

    Apesar da mudança, a questão ainda gera polêmica e divide associações médicas. O presidente do CFM, Carlos Vital, defende que o resultado do exame tenha uma "consequência", como uma possível penalização das faculdades de medicina cujos resultados sejam considerados insatisfatórios.

    "Se não tiverem um número mínimo de alunos que progridem, essas escolas têm que ser observadas e se adequarem. Se isso não ocorrer em até três anos, têm que ser penalizadas", diz.

    Já o aluno deve ter a oportunidade de uma "recuperação" nas disciplinas em que teve menos desempenho no exame, sugere. Não se pode liberar o diploma sabendo que a pessoa está insuficiente em termos de conhecimento".

    Outras associações, no entanto, defendem que não haja punição ao aluno, mas somente às instituições de ensino.

    A pesquisa traz outros dados: 62% dos entrevistados acham que as faculdades cujos alunos tiverem notas baixas não devem ser penalizadas, mas orientadas a melhorar a qualidade. Já 35% acham que deve haver uma penalização, como fechamento do curso ou redução de vagas no vestibular.

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