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    Pai de Joaquim espalha outdoors em quatro cidades em busca de acusado

    MARCELO TOLEDO
    DE RIBEIRÃO PRETO

    06/10/2016 13h27

    Reprodução
    29.11.2013 - A mãe do menino Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, morto em Ribeirão Preto (SP), disse que não contou à polícia sobre o perfil agressivo e ciumento do companheiro, antes do corpo do garoto ser encontrado no Rio Pardo, porque acreditava que ele tivesse sequestrado o enteado. A declaração da psicóloga Natália Ponte está em um novo trecho do depoimento prestado por ela à polícia no dia 18 de novembro e divulgado pelo Ministério Público. Na mesma ocasião, Natália também disse que a morte de Joaquim interessaria ao companheiro, o técnico em TI Guilherme Longo porque, após o menino ser diagnosticado com diabetes, o ex-marido dela e pai de Joaquim, o produtor de eventos Arthur Marques, telefonava diariamente para saber notícias do garoto. Por fim, a mãe afirmou que acredita que Longo matou Joaquim. Foto reproducao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, morto em Ribeirão Preto (SP

    Após o técnico em informática Guilherme Raymo Longo confessar em uma entrevista à TV ter matado o enteado, Joaquim Ponte Marques, 3, e desaparecer, o pai do garoto espalhou outdoors em busca de seu paradeiro em quatro cidades paulistas.

    O menino desapareceu de casa, em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) em 5 de novembro de 2013, e seu corpo foi encontrado cinco dias depois, no rio Pardo, em Barretos (a 423 km de São Paulo). Além de Ribeirão, os outdoors foram colocados em Barretos, São Carlos e Guará e uma página foi criada numa rede social.

    As peças têm foto de Longo, telefones para denúncias e a frase: "Pelo amor de um pai e toda família do menino Joaquim, colabore com informações para que Guilherme Longo seja preso pela crueldade do crime que confessou!".

    Em entrevista à TV, Longo disse que "não raciocinou direito" e acabou "fazendo besteira". Segundo ele, o garoto foi morto por estrangulamento e, depois, teve o corpo jogado num córrego, que deságua no rio Pardo -e que levou o corpo de Joaquim a mais de 100 quilômetros de Ribeirão.

    Segundo o advogado Alexandre Durante, defensor de Artur Paes, pai de Joaquim, a ideia inicial foi do próprio pai do garoto assassinado, e amigos e patrões fizeram campanha para arrecadar fundos para custear a colocação dos outdoors.

    Para ele, a confissão de Longo feita à TV não corresponde à realidade e o objetivo do técnico em informática foi "tirar" a mãe de Joaquim, Natalia Ponte, da cena do crime. "A maneira como ele falou que matou o Joaquim não se sustenta em nenhum laudo. Ficou clara a tentativa de tirar a Natalia do crime, de isentá-la de qualquer coisa", afirmou o advogado.

    Longo, que está desaparecido desde 23 de setembro, disse na entrevista que matou a criança de forma a "não machucar" Joaquim. "Eu estrangulei ele... sem... eu não apertei a traqueia dele né, para não machucar. Eu sabia que ia machucar. Simplesmente, é... comprimi a lateral do pescoço dele pra que ele desmaiasse sem dor. Foi rápido. Foi coisa de dois, três segundos [...] E aí ele desmaiou. Eu segurei ele por mais algum período de tempo até ele não esboçar mais reação", disse.

    O crime foi cometido, de acordo com ele, com o objetivo de que o relacionamento com a mãe de Joaquim melhorasse. Os dois chegaram a ficar presos. Natalia obteve liberdade dias depois, para aguardar o julgamento em liberdade, enquanto Longo deixou a prisão apenas em fevereiro do ano passado, após dois anos e três meses. Ele conseguiu habeas corpus sob a alegação de excesso de prazo de detenção sem julgamento.

    Mas teria de estar em casa antes das 22h, o que não ocorreu desde o sumiço. A Promotoria pediu a revogação da liberdade provisória. A Justiça ainda não decidiu se ele e Natália vão a júri popular.

    INSULINA

    A versão do Ministério Público Estadual é a de que Longo matou o enteado, que era diabético, com uma alta dosagem de insulina, dentro da casa da família, no Jardim Independência, em Ribeirão.

    Após a morte de Joaquim, ainda segundo a Promotoria, Longo jogou o corpo no córrego Tanquinho, localizado a cerca de 200 metros de onde moravam e, de lá, ele teria sido levado até o ribeirão Preto, afluente do rio Pardo.

    Exames feitos pelo IML (Instituto Médico Legal) descartaram que o menino tenha morrido afogado, já que não havia água em seus pulmões.

    Longo foi denunciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Já Natália foi denunciada por suposta omissão. Ela mora em São Joaquim da Barra, na região de Ribeirão Preto, com os pais e um filho, fruto do relacionamento com Longo.

    A defesa de Longo já pediu exame nas vísceras do garoto para comprovar se havia superdosagem de insulina. A defesa sempre alegou que não existiam provas contra o técnico em informática.

    Segundo especialistas, a insulina é metabolizada rapidamente pelo organismo, e seria difícil a perícia identificar uma superdosagem da substância no corpo do garoto.

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