• Cotidiano

    Saturday, 18-May-2024 06:53:22 -03

    Transição Paulistana

    Funcionários correm para ajeitar área para a transição da Prefeitura de SP

    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    14/10/2016 16h31 - Atualizado às 17h02

    Praça da Sé, marco zero de São Paulo. Em meio a engravatados apressados, ambulantes, pedintes e moradores de rua, estará, a partir de segunda (17), o núcleo de transição entre a atual gestão da Prefeitura de São Paulo, de Fernando Haddad (PT), e a próxima administração, a ser comandada por João Doria (PSDB).

    Em metade do quinto andar do prédio da superintendência regional da Caixa Econômica Federal, a 500 metros da sede da prefeitura, entre 30 e 40 pessoas devem trabalhar na troca de comando –cerca de cinco funcionários do Estado, cinco da gestão Haddad e o restante do lado tucano.

    Comandará o grupo Júlio Semeghini, ex-secretário de Gestão Pública e de Planejamento e Desenvolvimento do governador Geraldo Alckmin (padrinho político de Doria) além de coordenador da campanha do prefeito eleito.

    Enquanto a São Paulo real acontece no térreo –motorista da Folha presenciou seis homens furtando caixas de um caminhão estacionado ao lado do prédio–, no quinto andar haverá salas de reuniões, um salão amplo para discussões de câmaras temáticas –ainda não definidas, mas que devem discutir assuntos ligados às secretarias municipais, como educação, moradia, transporte e saúde– e um auditório para reuniões maiores, onde devem acontecer também as coletivas de imprensa.

    Mas até esta sexta-feira (14), o cenário era outro. Caixas estavam espalhadas por todas as salas do andar, trabalhadores instalavam cabos de internet e a sala oval onde o tucano eleito trabalhará nos próximos dois meses e meio ainda era ocupada pela superintendente regional do banco público.

    A expectativa é que o espaço, de 433 m², esteja pronto para receber as equipes de trabalho na segunda-feira. As adaptações são feitas pela equipe de manutenção da Caixa, sem custo adicional, diz a empresa.

    A concessão do espaço faz parte de uma ação do banco "que tem como objetivo principal estabelecer relacionamento com os novos gestores municipais nos primeiros cem dias da nova administração", diz a Caixa, em nota. Ao banco, interessa oferecer produtos e serviços aos gestores, que vão da gestão financeira do governo a programas de financiamento e transferência de renda, entre outros

    FARPAS

    O tom do atual prefeito subiu no último domingo (9) em evento organizado por eleitores para "agradecer sua gestão". Em recado a Doria, Haddad disse que "São Paulo não está à venda", em referência ao projeto de concessões e privatizações de equipamentos municipais, promessa do sucessor.

    A avaliação da equipe de transição, porém, é de que não há troca de farpas e que os trabalhos continuam "republicanos", como definiram o atual e o futuro prefeito em reunião no último dia 7.

    Nesta sexta, Doria disse que Haddad é "maior e melhor" do que o PT.

    Questionado na última segunda (10) sobre como será a troca de gestão, Haddad disse que a transição "vai ser melhor" que a última, em 2012, quando recebeu a prefeitura de Gilberto Kassab (PSD).

    As mesmas salas do prédio da Caixa foram usadas à época. Durante o período de transição, a relação entre Kassab e Haddad foi cordial, com eventuais trocas de elogios.

    Os ânimos entre os dois se elevaram no primeiro ano da gestão do petista. Em entrevista à Folha em novembro de 2013, Haddad, em referência à máfia do ISS, chamou de "descalabro" a situação que encontrou na prefeitura. "Havia uma degradação. Nichos instalados e empoderados", disse. Kassab rebateu no dia seguinte, e disse que descalabro havia sido o primeiro ano da administração do sucessor.

    Houve tensão na troca de comando na prefeitura em 2004, quando Marta Suplicy (então no PT) perdeu a eleição para José Serra (PSDB). A primeira reunião entre os dois aconteceu quase um mês após a vitória de Serra. Os tucanos reclamavam que recebiam informações incompletas e mal organizadas. Os petistas rebatiam que o PSDB tentava justificar eventuais embaraços do início do mandato.

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024