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    mosquito aedes aegypti

    Dia da Criança atrasado reúne mães de bebês com microcefalia

    CLÁUDIA COLLUCCI
    ENVIADA ESPECIAL A CAMPINA GRANDE

    20/10/2016 02h00

    Palhaços e voluntários tentavam animá-las, mas as expressões da maioria das mães eram de tristeza e cansaço. Muitas saíram de madrugada de suas cidades para estarem ali nesta quarta (19), no Parque das Crianças, em Campina Grande (PB), em comemoração ao Dia da Criança –com uma semana de atraso.

    Eram cerca de 70 mães e seus bebês com a síndrome da zika congênita, como é chamada agora a microcefalia. Ganharam de presente, além da festa, kits de alimentos e itens básicos de higiene, como fraldas, cotonetes e sabonetes. As doações vieram de campanhas na comunidade.

    "No começo da epidemia, muita gente ajudou com doações. Agora, muitas dessas mães estão desamparadas. São famílias muito carentes e pelo menos 60% foram abandonadas pelos parceiros quando engravidaram", diz a assistente social Rossana Reis, do hospital Dom Pedro 1º.

    O Instituto de Pesquisa Prof. Joaquim Amorim Neto (Ipesq), centro de referência na reabilitação dessas crianças, também busca ajuda. Está fazendo uma campanha no site colaborativo Catarse para a construção de uma sede ao lado do hospital Dom Pedro 1º, onde ocupa hoje um espaço improvisado. As doações já somam cerca de R$ 40 mil -eram necessários R$ 200 mil.

    A Prefeitura de Campina Grande doou um terreno de 740 m² ao lado do hospital e um grupo de 70 empresários locais colabora com tijolos, telhas e outros materiais de construção. Um deles, Josuel Gomes, conta que começou a se envolver depois do nascimento do filho, há oito meses, que não foi afetado pelo zika.

    "Olho para ele saudável, feliz, mas vejo que poderia estar na situação desesperadora desses pais", afirma.

    A empresa de energia local está pedindo aos moradores um acréscimo de R$ 1 na conta para custeio do centro.

    Segundo a médica Adriana Melo, presidente do Ipesq, a ajuda a essas famílias só está sendo possível devido às doações da comunidade.

    "A prefeitura tem feito o que pode, cedendo os profissionais de saúde e arcando com exames, materiais, mas não têm condições de bancar tudo", diz. Apenas 15 das 116 crianças atendidas pelo Ipesq são de Campina Grande.

    Além da assistência, o centro também desenvolve pesquisas sobre o efeito do vírus da zika no desenvolvimento dessas crianças.

    A especialista em medicina fetal foi a primeira pesquisadora do país a encontrar o vírus da zika no líquido amniótico de uma gestante que teve o filho com microcefalia.

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