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    mosquito aedes aegypti

    Governo irá distribuir teste rápido de zika para grávidas e bebês de até 1 ano

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    25/10/2016 18h37 - Atualizado às 19h47

    O Ministério da Saúde irá passar a distribuir, a partir de dezembro, testes rápidos na rede de saúde para detectar se houve infecção pelo zika em gestantes com sintomas da doença e em outros grupos prioritários no país.

    O anúncio foi feito nesta terça-feira (25) pelo ministro Ricardo Barros após um acordo com a Bahiafarma, laboratório que produz os testes e vinculado à Secretaria de Saúde da Bahia.

    Ao todo, serão adquiridos 3,5 milhões de testes de zika para distribuição nas unidades de saúde. Deste total, pouco mais de metade deve estar disponível até dezembro, e o restante, até fevereiro de 2017. O valor do investimento é de R$ 119 milhões.

    Andre Borges - 30.mar.2016/Agência Brasilia
    Mulher faz ultrassom em hospital de Brasília; gestantes terão direito ao teste rápido da zika
    Mulher faz ultrassom em hospital de Brasília; gestantes terão direito ao teste rápido da zika

    Segundo o diretor-presidente da Bahiafarma, Ronaldo Dias, os testes são capazes de verificar, em até 20 minutos, se a gestante está com zika ou se já teve uma infecção pelo vírus que transmite a doença, ligada à ocorrência de microcefalia em bebês.

    A análise é feita por meio de uma amostra de sangue do paciente, colocada em um pequeno dispositivo que alerta se há reação a dois tipos de anticorpos. O primeiro deles, IgM, permite identificar infecções com até duas semanas. Já o segundo, o IgG, identifica se o paciente está infectado há mais tempo.

    Apesar do anúncio, o teste não deve estar disponível a todos os pacientes. A ideia é que, inicialmente, grupos considerados de maior risco de complicações pelo vírus da zika tenham prioridade no acesso aos testes, que só será ofertado mediante recomendação médica.

    Entram nessa lista gestantes com sintomas da doença ou cujos exames apontaram suspeita de malformação no feto, crianças de até um ano e pacientes com doenças neurológicas que podem estar associadas ao vírus, além de mulheres que desejam engravidar e que suspeitam de infecção por zika.

    DIAGNÓSTICO

    O objetivo é acelerar o diagnóstico de zika no país. Hoje, a avaliação é que, em muitos casos, há dificuldade em identificar as infecções por zika apenas por avaliação médica devido ao avanço também de outras doenças com sintomas semelhantes, como dengue e chikungunya.

    A demora em receber os resultados de exames realizados é outro desafio. Até então, a maioria das análises feitas na rede pública utilizam a técnica laboratorial PCR, um procedimento considerado mais demorado e que detecta o vírus apenas na fase inicial da infecção. Já o novo teste não detecta o vírus em si, mas anticorpos –o que permite o diagnóstico até meses após a infecção.

    Pioneiro no Brasil, o teste foi desenvolvido pela Bahiafarma em parceria com a empresa coreana Genbody. O produto recebeu aval da Anvisa para comercialização no fim de ano –o que permite a compra pelo governo.

    Dados do Ministério da Saúde mostram que, de janeiro até setembro deste ano, já foram registrados 200.465 casos prováveis de zika –no ano passado, o governo não fazia um monitoramento destes dados.

    'CENÁRIO DESCONHECIDO'

    O anúncio da compra de testes de zika ocorre próximo ao país completar um ano desde o decreto de emergência nacional em saúde pelo aumento dos casos de microcefalia em bebês. Para Eduardo Hage, diretor do departamento de vigilância de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, o cenário atual ainda é de alerta.

    "Até pelo desconhecido [sobre a situação]. Tivemos ainda altos índices de infecção por zika, incluindo gestantes, até seis meses atrás. Qual vai ser o comportamento nos próximos meses? É melhor aguardar para que todo esse conjunto de crianças geradas há seis e nove meses venham a nascer", afirma.

    Questionado se as mulheres devem evitar engravidar, Hage diz que mantém as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre o tema. "Continuamos seguindo a recomendação para que [a mulher] avalie junto com o seu parceiro", diz, referindo-se aos riscos associados ao zika.

    Apesar do alerta, ele diz que o cenário atual ainda não indica um aumento de casos. Novos dados devem ser analisados nas próximas semanas. "Crianças que foram geradas até abril não nasceram ainda. As que estão nascendo agora estão sem microcefalia, a maioria absoluta. Tem havido diminuição, mas mantemos o nível de alerta para observar toda essa coorte de crianças", afirma.

    Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti

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