Arquivo pessoal | ||
Neusa Aparecida Mainardi (1943-2016) |
-
-
Cotidiano
Thursday, 02-May-2024 10:37:51 -03NEUSA APARECIDA ALBIASETTI MAINARDI (1943-2016)
Mortes: Dona Neusa, a benzedeira de Rio Claro
WILLIAN VIEIRA
DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA06/11/2016 00h01
Mal começara a campanha e o candidato a prefeito já posava ao lado de Dona Neusa. "Ela me carregou no colo", disse para as câmeras, enquanto a senhorinha sorridente, lenço na cabeça, fazia sinal de joia. E não à toa: estar com ela era partilhar da aura de uma santa local. Todos ali têm uma história pra contar sobre a insigne benzedeira de Rio Claro (SP).
Tudo começou com o bisavô, que ensinou a mãe, que não ensinou ninguém –Neusa, porém, acompanhou cada reza. Quando, aos 20, viu à porta uma senhora com o filho doente, católica que era, decidiu ajudar. "Nem sabia que tinha o dom", diz o filho, Reginaldo. "Mas pegou o raminho, benzeu. E curou!" Desde então, não havia cobreiro, espinhela caída, quebrante ou simioto que não se passasse por suas mãos.
Filha de uma lavadeira e um ferroviário, nasceu e viveu em uma casa simples na Vila Paulista, mesmo bairro onde a reza supria os anseios do povo nas mãos dos benzedeiros dona Rosa e seu Manoel. Criou seis filhos, quatro netos, cultivou orquídeas e benzeu milhares de almas.
Gente de todo o Brasil batia à porta. O telefone tocava dia e noite. Até dos Estados Unidos ligavam. Ela anotava nome, idade, os males e rezava. "Nunca cobrou um centavo", diz a filha Rosana. Salvo fim de ano, quando comprava presentes e saía para doar a crianças carentes, vestida de papai Noel.
Morreu dia 30, aos 73, após uma queda. No velório, o semblante era de paz. "Cumpriu sua missão", diz o filho. Entre os rio-clarenses, já há rumores de um vaticínio: "No futuro, há de ser santa."
coluna.obituario@grupofolha.com.br
-
Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.brPublicidade -