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    Auditoria em guinchos da CET vê 'desperdício' de R$ 24 milhões em SP

    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    08/11/2016 08h32

    Robson Ventura-2.set.2015/Folhapress
    Carros apreendidos no pátio da CET em Jaguaré, na zona oeste de São Paulo
    Carros apreendidos no pátio da CET em Jaguaré, na zona oeste de São Paulo

    Uma auditoria da CGM (Controladoria Geral do Município) da Prefeitura de São Paulo detectou subutilização de guinchos contratados pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e gastos de mais de R$ 24 milhões que poderiam ser evitados.

    Os veículos são usados pela companhia para apreender carros estacionados de maneira irregular, sobre a faixa de pedestre ou ciclovia, por exemplo.

    O atual contrato remunera as empresas pelo tempo que deixa os veículos à disposição. Os auditores analisaram dados do primeiro semestre deste ano e constataram que, a cada 8 horas, os veículos passam 4,8 horas parados.

    Os técnicos constataram que se as empresas fossem pagas apenas pelo serviço realizado haveria uma economia potencial de 22% do contrato de 111 milhões por 48 meses (R$ 24,2 milhões).

    "Percebe-se que não se trata de uma novidade, em todas as esferas da administração pública, a contratação de serviços de remoção de veículos com remuneração por remoção", afirmaram os técnicos, citando licitações no país que adotam o modelo considerado mais eficiente.

    O que fazer em caso de veículo guinchado

    Em 2015, a prefeitura assinou os atuais contratos com os consórcios Remoção SP, SGP Paulistano e Siga Livre. Com isso, o número de guinchos à disposição da cidade aumentou de 23 para 33. Os três consórcios têm que administrar cada um pátio com 750 vagas e deixar 11 guinchos à disposição das 6h às 22h, de segunda a sexta.

    Na visão dos auditores, como não há como mudar o modo de pagamento do contrato, a CET deveria diminuir o número de carros, evitando a subutilização deles.

    Com mais guinchos, as remoções dispararam. Na comparação entre janeiro e setembro de 2014 e o mesmo período deste ano, antes e depois no novo contrato, os carros guinchados saltaram de 4.759 para 18.161, uma variação de 282%.

    Em setembro, último mês computado, a média foi de 63 carros apreendidos por dia. Outra mudança foi que motocicletas, que praticamente não eram apreendidas, viraram alvos dos guinchos. Em todo o ano de 2014, foram apenas 36 remoções deste tipo de veículo. Neste ano, até setembro, 268.

    Apesar de mais carros irem parar nos pátios municipais, a auditoria verificou que a prefeitura fica no prejuízo quando é comparado o valor gasto para manter o serviço e o arrecadado com as estadias dos veículos apreendidos.

    Por exemplo, o valor bruto pago às empresas em junho foi de R$ 2,4 milhões, enquanto o total arrecadado com estadias e remoções foi de R$ 1,6 milhão. "Desse modo, existem indicativos de que o serviço prestado não vem sendo sustentável, já que seus custos estão sendo superiores aos valores arrecadados", afirmam os auditores.

    OUTRO LADO

    Na resposta da CET à Controladoria, o órgão afirmou que os auditores cometeram equívoco. Segundo eles, os 33 veículos disponíveis não são o ideal, que seria de 50 carros. O atual número de guinchos, diz a CET, é suficiente para "que se ofereça à população um serviço eficiente em 95% das situações".

    "É importante apontar que para que o trabalho de fiscalização e remoção de veículos seja de fato 'eficiente' é necessário que exista guincho para acionamento imediato sempre que o 'marronzinho' detectar a necessidade de guinchamento", afirmou a companhia.

    Em tréplica, os auditores rebateram afirmando que o argumento apresentado pela CET é "inconsistente". Sobre o deficit entre valor arrecadado e gasto com guinchos, a companhia afirmou que "buscará aprimorar ainda mais as análises em novas contratações".

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