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A paciente faz exercicio para reaprender a andar em equipamento na Rede Lucy Montoro |
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Cotidiano
Sunday, 19-May-2024 10:17:07 -03Corregedoria cobra, e gasto com irmã de secretária de SP é devolvido
ARTUR RODRIGUES
DE SÃO PAULO09/11/2016 02h00
A Corregedoria do governo Geraldo Alckmin (PSDB) cobrou devolução de passagens e diárias pagas indevidamente com dinheiro público para a irmã da secretária responsável pela pasta de Direitos da Pessoa com Deficiência.
A decisão do órgão ocorre em meio a investigações de irregularidades em contratos milionários firmados pela entidade criada pelo governo paulista para fazer a reabilitação de deficientes, a Rede Lucy Montoro.
A entidade é subordinada à secretária Linamara Rizzo Battistella e pagou despesas da irmã dela, Maysa Rizzo Cortiñas –sem cargo na rede.Uma auditoria feita pela Secretaria de Estado da Fazenda verificou que, em 2012, Maysa atuava em nome da rede. A pasta afirma em sua resposta oficial que ela era funcionária de entidade contratada para atuar junto à área no governo estadual. Em e-mail corporativo da Lucy Montoro, Maysa tratava de assuntos internos da entidade. Chegou a dar entrevista como funcionária do órgão.
A apuração da Fazenda foi encaminhada à CGA (Corregedoria Geral da Administração), que concluiu parte da investigação.
"Após a realização de diligências, oitivas e análise documental, a Corregedoria recomendou à pasta o ressarcimento aos cofres públicos de R$ 5.073,00, valor referente ao pagamento indevido de passagens aéreas e hospedagem em nome de Maysa Rizzo Cortiñas", afirma a nota da Corregedoria. O valor já foi pago.
FROTA OFICIAL
A Corregedoria refutou outras duas suspeitas levantadas pela auditoria. A apuração afirmava que, em 2012, a secretaria pôs à disposição de Maysa um dos carros de sua frota oficial.
Segundo a CGA, "após ouvir alguns motoristas, não foi constatado que Cortiñas tinha à sua disposição os carros da frota oficial". Apesar disso, o órgão recomendou "o preenchimento correto da planilha de controle de tráfego para melhor acompanhamento do uso dos carros oficiais".
A Corregedoria também negou que a secretária tenha praticado nepotismo, porque Maysa "não era servidora pública, conforme apontou a Consultoria Jurídica da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência".
A CGA afirma que continua investigando documentos relacionados a obras, fornecimentos de materiais e contratação de profissionais da Rede Lucy Montoro. A rede é gerida pelas pastas da Pessoa com Deficiência e da Saúde, em parceria com entidades como a Fundação Faculdade de Medicina, ligada à unidade da USP.
Entre os pontos que continuam sem resposta, está a suspeita de que há menos médicos trabalhando do que o declarado pela rede –auditores chegaram a encontrar 18 médicos em cinco unidades, onde deveria haver 64.
Também são apurados a falta de cotação de preços nos contratos e a contratação reiterada de uma mesma empresa. Um deles, sozinho, foi de R$ 9,2 milhões para a construção de um centro paradesportivo.
OUTRO LADO
A secretaria chefiada por Linamara afirmou que Maysa era uma das consultoras contratadas pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) em projetos relacionados à pasta, contratos esses que permitiam o pagamento de despesas de viagens de consultores.
A pasta afirmou que "não reconhece a alegada irregularidade, mas seguiu a orientação da CGA e notificou a Fipe para o ressarcimento do valor indicado pela Corregedoria". A pasta afirma ainda que não há conduta ilícita por parte de Linamara e que a secretária tem colaborado na parte que lhe compete com as investigações.
Maysa não foi localizada nesta terça (8). Na ocasião da publicação da primeira reportagem sobre o caso, em 2014, ela negou trabalhar na rede Lucy Montoro e não quis responder mais perguntas.
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