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    mosquito aedes aegypti

    Ministério da Saúde ampliará critérios para saber efeitos da zika em bebês

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    10/11/2016 20h00

    Divulgação
    Um estudo realizado no Hospital Agamenon Magalhães (HAM) identificou que 5,8% das crianças com diagnóstico confirmado da Síndrome Congênita do Zika apresentam perda auditiva; a pesquisa foi divulgada pelo CDC
    Criança tem orelha examinada para saber possíveis efeitos de infecção por zika

    O Ministério da Saúde irá lançar, ainda neste mês, um novo protocolo para identificar e notificar, além da microcefalia, outros impactos causados pelo vírus da zika em bebês.

    A ideia é ampliar os critérios utilizados pelos profissionais de saúde para observar possíveis casos de microcefalia e também de outros danos ligados ao zika.

    Uma das medidas previstas é a identificação e registro de sinais e sintomas de possíveis danos neurológicos associados em zika em crianças até 3 anos. Hoje, a orientação é que todos os casos de alterações sejam notificados até os três primeiros meses do bebê.

    O modelo atual também leva em conta apenas a medida do perímetro cefálico do bebê ao nascer. O ministério informa, no entanto, que há casos em que o bebê apresenta o tamanho da cabeça normal para a faixa etária, mas cujos exames também apontam alterações.

    "Estão ocorrendo alterações tardias [no desenvolvimento das crianças]. Hoje já temos relatos de crianças que, com oito meses, apresentaram uma alteração e agora começamos a investigar se há relação com o zika", explica Mariana Leal, assessora da secretaria de atenção à saúde do ministério.

    "Estamos ampliando o espectro para incluir mais crianças com mais idade", completa. "Já reconhecemos que o zika não causa somente a microcefalia e que há outras alterações. Há crianças só com problemas auditivos, por exemplo."

    A mudança também visa ampliar a investigação sobre o zika, o que permitirá considerar, por exemplo, possíveis danos causados por uma infecção após o nascimento. "O que muda é o processo investigatório. Se consigo confirmar até 48h de vida que a criança já teve zika, consigo associar [a alteração] a uma síndrome congênita. Após esse período, pode ser uma síndrome pós natal", disse.

    A previsão é que o novo protocolo, que integra as ações de vigilância e de assistência às crianças, seja lançado nos próximos dias.

    As novas mudanças no modelo de identificação dos casos já eram estudadas desde junho. Na época, um estudo publicado na revista "Lancet" mostrou que um em cada cinco bebês com danos neurológicos e infecção provável ou confirmada pelo zika não tinham microcefalia.

    OUTRAS MUDANÇAS

    Essa, porém, não é a única mudança prevista nos protocolos utilizados e recomendados pelo governo aos profissionais de saúde devido ao zika.

    Estão previstas ainda a divulgação de novas diretrizes para estimulação precoce dos bebês com microcefalia, bem como um novo modelo de mapeamento dos possíveis impactos do zika durante a gestação.

    Neste caso, a pasta estuda recomendar a realização de uma segunda ultrassonografia obstétrica, perto do 7º mês de gravidez, para detecção de possíveis danos no feto. Uma primeira já é recomendada no primeiro trimestre.

    O governo também deve passar a distribuir, a partir de dezembro, testes rápidos para detectar se houve infecção pelo zika em gestantes com sintomas da doença e em outros grupos prioritários no país, como bebês de até 1 ano.

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