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    Quatro dos jovens vítimas de chacina em SP somavam 29 registros policiais

    ROGÉRIO PAGNAN
    DE SÃO PAULO

    11/11/2016 02h00

    Quatro dos cinco jovens vítimas de chacina na zona leste de São Paulo acumulavam, juntos, 29 registros de passagem pela polícia –por atos infracionais (quando menores de idade) ou por suspeita de crimes quando já eram maiores.

    A polícia prendeu na noite desta quinta-feira (10) um guarda municipal de Santo André, no ABC, sob suspeita de envolvimento no desaparecimento e morte dos cinco jovens da zona leste da cidade de São Paulo.

    O agente teve sua prisão temporária decretada por 30 dias. A suspeita é que ele tenha criado perfis falsos de garotas em rede social para atrair os rapazes para uma suposta festa, como emboscada para que fossem atacados. Os cinco jovens, com idades entre 16 e 30 anos, desapareceram em 21 de outubro, no caminho do suposto evento.

    Os corpos foram achados no último domingo (6) numa área rural em Mogi das Cruzes (Grande SP) -a identificação de quatro deles já tinha sido confirmada nesta quinta.

    O guarda municipal de Santo André que foi preso também é instrutor de tiros e colega de corporação do agente Rodrigo Lopes Sabino, 30, assassinado em um roubo no dia 24 de setembro, quando chegava em casa, no Jardim Santa Maria, próximo de onde moravam as vítimas da chacina.

    Um dos cinco rapazes atacados no mês passado, Caíque Machado Silva, 18, estava na lista de suspeitos de envolvimento na morte do guarda. A polícia avalia, portanto, que os jovens podem ter sido vítimas da chacina como retaliação ao assassinato do agente. O nome do guarda de Santo André que foi preso não foi divulgado pela polícia.

    PASSAGENS

    Com exceção do motorista Jones Januário, 30, que apenas levaria os quatro jovens de carro para a festa, todos os outros tinham passagem pela polícia. No caso de Caíque, há sete casos registrados, com suspeita de crimes como roubos de veículos, sequestro, dano qualificado, receptação e uso de documento falso.

    César Augusto Gomes, 19, tinha nove registros policiais anteriores, por suspeita de roubos de veículos, roubos de transeuntes, porte de arma (de brinquedo), receptação e dano qualificado. Jonathan Moreira, 18, tinha 11 passagens, sob suspeita de roubos de veículos, lesões corporais, danos qualificados, sequestro e receptação, além de fuga da Fundação Casa. Robson de Paula, 16, que era cadeirante, tinha dois registros de atos infracionais na polícia, por suspeita de roubo e receptação.

    INDÍCIOS DE SUPOSTA PARTICIPAÇÃO DA PM

    POLICIAIS

    Perto dos corpos dos cinco rapazes também foram encontradas cápsulas de .40, compradas pelas polícias Civil e Militar de São Paulo. Por isso, também é investigada a possibilidade de participação de policiais. Um áudio enviado por um dos rapazes a uma amiga mencionou uma abordagem policial, mas não há confirmação de data nem horário. Dois PMs também foram ouvidos porque consultaram a ficha criminal de dois dos jovens dias antes da chacina.

    A polícia descobriu ainda que um soldado da PM foi alvo de tentativa de assalto no dia 20 de outubro, véspera do desaparecimento dos cinco rapazes, no mesmo bairro onde eles moravam. O policial reagiu na ocasião. Houve troca de tiros, um criminoso foi baleado e outro, preso. A polícia investiga se duas pessoas que conseguiram fugir seriam ligadas a Caíque ou a seus colegas.

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