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    Protesto no AM cobra solução sobre três jovens sumidos após ação da PM

    FABIANO MAISONNAVE
    DE MANAUS

    20/11/2016 17h51

    Familiares, amigos e militantes de esquerda protestaram neste domingo (20) contra o desaparecimento de três jovens após abordagem policial, há 22 dias, em Manaus (AM). Dez PMs tiveram a prisão temporária decretada, dos quais ao menos três foram liberados.

    O protesto reuniu algumas dezenas de pessoas na região de Grande Vitória, bairro de ruas estreitas formado a partir de uma invasão, a 12 km a leste do centro de Manaus. Não houve incidentes.

    Entre as participantes estava a diarista Lindalva Castro, 43, mãe da atendente de caixa Rita da Silva, 19, um dos três desaparecidos –os outros são o desempregado Weverton Gonçalves, 21, e o mecânico Alex de Melo, 25, o único com passagem pela polícia.

    Além de não ter notícias de Rita, ela viu outros dois filhos serem presos no último dia 10, acusados de envolvimento com o tráfico e de participar no assassinato da líder comunitária Rosenira Souza, morta a tiros na mesma região, em julho. Ambos negam envolvimento.

    Ao contrário dos PMs presos, os dois rapazes foram apresentados à imprensa algemados e diante de uma mesa com armas e celulares supostamente usados no crime. "A polícia quer envolver tráfico com o crime de desaparecimento", afirma Castro. "Por que não obrigam os PMs a dizer a verdade? Quando prendem pobres, eles obrigam." Ela afirmou que os familiares estão com medo de retaliação da polícia e que só realizaram o protesto por causa do apoio da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular).

    Fabiano Maisonnave/Folhapress
    Carro queimado no sábado (29), em Manaus, em protesto após desaparecimento de três jovens
    Carro queimado em 29 de outubro em Manaus, em protesto após desaparecimento de três jovens

    Os três jovens foram abordados por PMs quando saíam de uma festa, na madrugada do último dia 29. Um vídeo de uma câmera de segurança mostra o momento em que eles entraram numa viatura da polícia, sem resistência.

    Nos primeiros dias, sem o apoio da Polícia Civil, os familiares passaram a investigar o sumiço dos jovens –foram eles que obtiveram o vídeo, usado mais tarde para identificar os PMs que participaram da abordagem.

    A principal linha de investigação da Delegacia Especializada em Homicídio e Sequestros é a de que os PMs souberam que um dos desaparecidos, Melo, planejava matar policiais e então decidiram matá-lo. Para sustentar a tese, foram apresentados trechos de escuta telefônica.

    Melo também foi acusado de participar do assassinato da líder comunitária, supostamente morta por entrar em choque com o narcotráfico. A família nega que ele esteja envolvido.

    No protesto, uma familiar de Melo trazia um cartaz onde se lia: "Por mais errado que ele fosse, não deveria morrer dessa forma".

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