Dois adolescentes de 17 anos foram mortos a tiros, por volta das 20h30 deste domingo (20), durante uma tentativa de assalto na região de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. Segundo a polícia, eles tentavam roubar uma moto quando foram atingidos no cruzamento das avenidas São Miguel e Dom Helder Câmara.

Um vendedor de 22 anos, que pediu para não ter o nome revelado, afirmou que estava com a namorada em sua moto –uma Honda CBR 650 cilindradas vermelha– quando foi abordado por três jovens. Apesar de eles não mostrarem armas, colocavam a mão sob a roupa, simulando possuírem uma. O casal, então, entregou o veículo.

Os adolescentes Anselmo Ribeiro Bastos e Alexandre Vitor Anjos Magalhães subiram na moto, mas antes de saírem foram atingidos por três tiros. De acordo com o vendedor, os disparos foram dados por um carro que seguia pela av. Dom Helder Câmara, no mesmo sentido em que ele estava, mas não soube informar detalhes sobre o veículo, que teria fugido.

O pintor Wescke Lima, 34, estava no cruzamento e diz ter ouvido os tiros. "Foram quatro, numa sequência. Eu era o quarto carro na fila esperando o semáforo abrir. Todos começaram a sair, subir na lateral. Foi quando eu vi os dois [jovens] caídos no chão, um embaixo e outro em cima da moto", conta.

Ele diz ainda que os atiradores estavam em um Up grafite e chegaram a parar no local após os disparos. Lima afirma ter visto um deles descendo do carro com a arma na mão.

Bastos e Magalhães morreram ainda no local. O terceiro adolescente fugiu correndo antes dos disparos, afirmou o dono da moto roubada por eles.

Na rua onde morava Alexandre, os vizinhos tentavam entender o que aconteceu na tarde desta segunda. "Ele era um menino tranquilo de 17 anos. Muito bonito, forte. Todo mundo aqui gostava dele. Cresceu com os meus meninos", conta a auxiliar de limpeza Eliseuda Alves, 47, vizinha do jovem.

Alexandre não tinha passagem pela polícia e morava na favela do Buraco, em Ermelino Matarazzo (zona leste). Vivia no mesmo local há dez anos, com o pai, que é motorista de caminhão, a mãe, que trabalha com vendas, e um irmão mais novo. Às vezes ajudava o pai nas entregas de móveis.

A mesma comoção acontecia na frente da casa de Anselmo nesta segunda. "Não perdi um amigo não, perdi dois irmãos", diz um dos jovens com os olhos marejados.

Anselmo sempre viveu na mesma rua do Jardim Danfer. Morava com o pai, feirante, a mãe, costureira, e dois irmãos mais velhos. Aos domingos, todos ajudavam na feira. "Ele já fez muita coisa errada, mas estava tentando entrar no eixo", diz uma prima que pediu para não ser identificada.

O jovem foi apreendido há quase dois anos por tentar assaltar um lotérica com uma arma de brinquedo. Saiu da Fundação Casa há cinco meses e estava trabalhando como office boy na CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) havia cerca de um mês. Estava cursando o segundo ano do ensino médio.

O caso foi registrado como ato infracional, roubo e homicídio simples será investigado pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa).