Primeiro vieram os versos.

Milton Camargo sempre soube que queria ser poeta. Apesar disso, fez faculdade de economia em Santos (SP). Mas não se entendeu com as finanças e tratou logo de ir para São Paulo, cursar publicidade. Na capital, trabalhava em uma grande agência como revisor entre um livro e outro de poesias que publicava.

Depois, vieram os livros infantis. Milton nunca pensou em escrever para crianças. Foi convidado por um amigo para publicar um conto na revista infantil "Recreio", no começo dos anos 1970, e gostou quando viu, na rua, crianças lendo sua história.

Resolveu continuar escrevendo no semanário e também publicar livros com as histórias. Ganhou um prêmio da Academia Brasileira de Letras por uma delas, "A Zebra Branca", nos anos 1980.

Por último, veio a pianista.

Sem abandonar os versos, recebeu, em 1977, uma carta de uma leitora e admiradora. Era Luiza Maia da Silva, professora e pianista paraense.

Trocaram algumas cartas antes que Milton fosse visitá-la em Belém e, de cara, se apaixonou. Casaram-se no começo de 1978, e o poeta nunca mais deixou o Pará.

Lá, continuou publicando seus livros nas décadas seguintes, enquanto dava aulas de história da arte e redação publicitária na Universidade Federal do Pará.

Com câncer, Luiza, foi diagnosticada em estado terminal recentemente, e Milton não suportou perder a sua musa. Para surpresa geral, o poeta, que tinha boa saúde, contraiu diabetes. A doença se complicou e ele morreu um mês depois, no último dia 10, aos 73. Deixa a mulher.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas