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    Secretário diz que vice de direitos humanos confessou elo com facção

    FERNANDA PEREIRA NEVES
    DE SÃO PAULO

    25/11/2016 17h24 - Atualizado às 20h20

    Reprodução/GloboNews
    Advogados são presos por suspeita de ajudar facção em SP. Entre os detidos está o vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos de São Paulo, Luiz Carlos dos Santos - http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/policia-prende-advogados-por-suposta-ligacao-com-faccao-em-sp.ghtml
    Policiais prendem, na terça (22) suspeito de elo com facção

    O secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmou, nesta sexta-feira (25), que o vice-presidente do conselho estadual de direitos humanos, Luiz Carlos dos Santos, confessou ter recebido dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital).

    O conselheiro, integrante do Condepe (Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana) foi preso na terça (22) junto com outras 34 pessoas. Eles são acusados de ter ligação com a facção criminosa que atua em São Paulo. Entre os detidos, havia 32 advogados. Luiz Carlos dos Santos foi o único que teve o nome divulgado.

    Segundo interrogatório, o primeiro pagamento feito a Santos ocorreu em janeiro de 2015 por uma advogada identificada como Vanila, que teria envolvimento com a facção. O objetivo seria que o conselheiro utilizasse sua influência para convencer desembargadores sobre revisões de processos, o que foi recusado por Santos. Ainda assim, o pagamento de R$ 2.000 foi feito.

    Santos afirma que tentou interromper os pagamentos e negou alguns dos pedidos feitos pelo grupo, mas foi ameaçado mais de uma vez e os pagamentos continuaram, sendo aumentados em várias ocasiões, chegando ao valor de R$ 5.000, que ele recebeu até o mês passado.

    Entre os pedidos feitos pelo grupo, Santos teria tocado processos indicados por ele e passado relatórios regulares de ações em andamento. Ele ainda admite ter dado a dois advogados da facção carteiras de identificação do Conselho Ouvidor de Direitos Humanos, que Santos soube depois que eram usadas para eles acessarem presídios.

    Ele também teria recebido determinação da organização para promover publicidade dos casos envolvendo violência policial, a exemplo chacinas de Mogi das Cruzes, Carapicuíba e Osasco.

    Santos afirmou à polícia que temia ser preso desde maio de 2015. O Condepe afirmou, no fim da tarde desta sexta, que decidiu afastar ele do cargo. O advogado de Santos não foi localizado na noite desta sexta para comentar o caso.

    "Isso envolve uma pessoa do Condepe. Não é o Condepe como conselho, como uma instituição oficial, que praticou esse tipo de coisa. Mas infelizmente a gente viu que uma pessoa com assento no conselho admite que recebeu parcelas de dinheiro. Audiências publicas promovidas por interesse dessa organização foram realizadas e ele recebeu pra isso", afirmou o secretário.

    As declarações do secretário ocorreram na mesma entrevista coletiva, na sede da Secretaria de Segurança, em que o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) divulgou o aumento no número de roubos no Estado pelo nono mês consecutivo. Ao todo, foram 27,8 mil casos registrados em outubro deste ano.

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