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    Controlador e metódico, estilo Doria tem até veto a gravata

    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    27/11/2016 02h00

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    São Paulo, SP, Brasil. 17.11.2016. O Prefeito de São Paulo eleito, Joao Doria Jr, no escritório de formação do governo, ao anunciar novos secretários para formação da administração. Da esq p/ dir: Jorge Damiao da Secretaria de Esportes, Marcos Penido da Secretria de Obras e Servicos, Joao Doria, Paulo Uebel da Secretaria de Gestao e Gilberto Natalini da Secretaria do Verde e Meio Ambiente. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress).
    João Doria (PSDB) na apresentação de parte dos secretários que integrarão sua gestão

    Uma das primeiras regras que o prefeito eleito João Doria (PSDB) impôs à equipe de futuros secretários é a proibição do uso de gravata.

    Em aparições públicas da equipe do tucano, ninguém ousou desobedecer. A maioria adotou o visual que inclui blazer e camisa branca.

    A ingerência até no guarda-roupa dos subordinados mostra um pouco do jeito metódico e controlador que o tucano deve imprimir à sua gestão, cuja imagem é planejada nos mínimos detalhes.

    Quando está em público, Doria mantém o comportamento de âncora de programa de TV. Nas entrevistas coletivas para anunciar o secretariado, estabelece a quem os repórteres poderiam fazer perguntas e um limite de questionamentos –foram sete perguntas nos últimos eventos.

    À vontade no microfone, faz piadinhas sobre futebol (ele é santista convicto) e evita pronunciamentos longos. As questões complexas geralmente são respondidas com frases de efeito, sem detalhes.

    A tática nem sempre evita saias justas. O jeito intempestivo pode fazer com que tenha de voltar atrás, como quando disse que não daria aumento aos servidores. Também recuou parcialmente da promessa de campanha de restabelecer os limites das marginais Tietê e Pinheiros, ao decidir fixar os 50 km/h em uma das faixas.

    Em uma coisa, porém, nunca cede: diz que não é político, é gestor. É o seu mantra.

    "Vamos fazer um modelo de gestão privada. Sou um gestor. É exatamente isso que vamos fazer na Prefeitura de São Paulo, quebrar paradigmas. Estamos preocupados com a eficiência", diz Doria sobre seu estilo de governo.

    Um dos pilares do discurso empresarial de Doria é imagem de quem acorda cedo. Ele promete começar as reuniões com os secretários às 7h30. A primeira delas, marcada para 3 de dezembro, um sábado, deve se arrastar até a noite.

    SONO

    Quem convive com Doria diz que ele não dorme muito mais que quatro horas por noite. Às 6h, está de pé e a par das notícias.

    Até o início da madrugada, troca mensagens no celular com toda a nova equipe.

    Secretários acostumados com um ritmo alucinante de trabalho, que conhecem o prefeito eleito há anos, dizem estar impressionados com a "bateria" de Doria.

    A eleição não mudou a rotina diária de sair da mansão no Jardim Europa e ir ao trabalho no escritório na avenida Brigadeiro Faria Lima.

    É lá que costuma despachar com mais frequência, não no prédio da Caixa Econômica na praça da Sé, no centro, onde fica a equipe de transição.

    Doria tem feito reuniões constantes com empresários, de quem tirou promessa de ajudar na cobertura dos custos de programas municipais, como seu projeto de zeladoria, o Cidade Linda –similar ao Belezura, da gestão Marta Suplicy (à época no PT).

    O tempo que passa no carro, entre um compromisso e outro, é usado para fazer gravações de voz dirigidas aos assessores e subordinados.

    Ele dita as mensagens e encaminha para a secretária, que as digita e repassa por e-mail. As ordens relacionadas à prefeitura se revezam com o controle de pequenas questões domésticas, como as compras para casa.

    CARA FEIA

    O discurso duro sumiu após a eleição. O tucano voltou ao perfil conciliador que sempre teve à frente do Lide (Grupo de Líderes Empresariais). Ele tem feito de tudo durante essa fase de transição para não ter atritos com o prefeito Fernando Haddad (PT), a quem tem feito muitos elogios públicos.

    No entanto, também sinaliza que não tem medo de comprar briga com aliados. A primeira delas foi como vereador Mario Covas Neto, presidente do diretório municipal do PSDB, que defendeu Doria quando sua candidatura era vista com descrença pelo tucanato.

    Covas Neto ansiava pela presidência da Câmara Municipal, mas acabou perdendo o posto de preferido de Doria para Milton Leite (DEM).

    Sobre esse assunto, o prefeito eleito disse aos outros tucanos que não tem nenhum medo de cara feia.

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