Jaslêne Rachél Toniatto Napolitano era a única professora de pré-primário quando começou a lecionar na pequena cidade de Mineiros do Tietê, no interior paulista, em 1968. Centenas de crianças tiveram aulas com ela e muitas ainda hoje a chamavam de tia Lene. Ela se orgulhava do apelido.

O magistério era uma coisa de família. Foi a profissão escolhida pelo irmão e um sonho de tia Lene desde a adolescência. Formou-se em Dois Córregos e assumiu a primeira sala em Taboão da Serra.

O casamento a levou de volta para Mineiros do Tietê, sua cidade natal. A filha do dono do único cinema da cidade se casou com José Carlos, filho do dono da única padaria. Na época, os estabelecimentos se completavam: depois do filme, as pessoas atravessavam a rua para comer um lanche.

Tiveram dois filhos, que tia Lene fazia questão de manter por perto. Pra isso, fez de sua casa um ponto de encontro para amigos dos meninos. Visitavam-na com a regularidade que iam à escola e à igreja.

Nas horas vagas, ela gostava de cozinhar. Fazia cocada, bobó de camarão e vários "doces falsos". O de cereja, por exemplo, não tinha nada da cereja de verdade, era todo feito com mamão verde.

Também era conhecida pela facilidade com que lembrava datas cívicas, religiosas ou de aniversários. Um "cartório ambulante", dizia o marido.

Um AVC colocou tia Lene na cama em 2007. Tinha poucos movimentos e não conseguia abrir os olhos, mas isso não a impediu de conviver com os netos, de se reunir com as amigas de magistério, de ir ao casamento do filho –nesse caso, não foi ela que levou o jovem ao altar, mas o contrário. Morreu no dia 23, aos 74, após uma infecção. Deixa os filhos, noras, quatro netos, dois irmãos e muitos sobrinhos.

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