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    Por erro da Gol, criança de seis anos que iria a Vitória vai parar em Curitiba

    ARTUR RODRIGUES
    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    04/12/2016 10h50 - Atualizado às 02h00

    O professor universitário Wanderson Romão, 33, morador de Vitória (ES), comprou uma pequena árvore de Natal para montar com o filho, que mora no Rio com a mãe, neste fim de semana.

    Os planos foram interrompidos quando Romão descobriu que o menino, de seis anos, foi "extraviado" na sexta-feira (2) quando viajava desacompanhado. Por um erro da Gol, o garoto foi mandado para Curitiba –a 1.300 km da capital capixaba.

    "É a pior coisa do mundo. Você ver o seu filho numa situação que você não tem controle sobre ela, é uma sensação de impotência", disse o professor à Folha.

    Ele conta que era a primeira vez que o filho viajaria desacompanhado, com autorização judicial para voar apenas para o Rio, Espírito Santo e São Paulo (onde tem familiares). Romão pagou R$ 750 pelas passagens, com uma taxa extra de R$ 100 pelo serviço de acompanhamento.

    A mãe da criança se despediu do filho no aeroporto do Galeão às 16h, segundo Romão. Às 18h20, quando começou o desembarque do voo no Espírito Santo, ele não apareceu. "Daí começou o desespero", diz. Ele conta que entrou na sala de desembarque e questionou funcionários da empresa e do aeroporto, que pouco ajudaram.

    Só conseguiu assistência, diz, quando acionou a PF no aeroporto. "Ninguém estava acreditando, a avó da criança, eu, a mãe, meus amigos. O mundo caiu!", disse o pai.

    Após mais de uma hora de tensão, conseguiram localizar o garoto em Curitiba. Para levar o menino a Vitória, a única opção era um voo com escala no Rio, conta Romão.

    Nervoso com a situação, ele diz ter preferido que a criança ficasse no Rio com a mãe e nem fosse para Vitória. O pai diz que vai entrar na Justiça contra a empresa.

    No dia seguinte, ele escreveu um desabafo no Facebook, que neste domingo (4) já tinha quase 400 mil curtidas.

    "A conclusão lógica é que um funcionário da Gol não é preparado para fiscalizar a documentação de uma criança. Meu filho fala português, fala inglês. Estava com todos os documentos, fala dois idiomas, era só alguém perguntar para onde estava indo", diz.

    Segundo ele, após a repercussão do texto que escreveu, dois diretores da Gol já ligaram para ele pedindo desculpas. "O cara me liga para oferecer para cancelar a passagem. 'Vou te dar uma passagem a mais', como se estivesse fazendo um favor", diz.

    No momento da ligação, no sábado (3), já não seria mais possível realizar as atividades que Wanderson havia planejado com o filho.

    O professor afirma que o menino ficou chateado e, por telefone, disse que compraria uma camiseta do Flamengo para presentear o pai. "Se fosse o filho do diretor da Gol, o que ele faria? O que faria se estivesse no meu lugar?"

    Wanderson afirma que acertou para ver o filho de novo no dia 20. "Vou a trabalho ao Rio e depois levá-lo de volta", diz ele, que não pretende mais usar o serviço de voo desacompanhado.

    OUTRO LADO

    Em nota, a Gol reconhece que "houve falha no procedimento de embarque da criança, ocasionando a troca do voo", pede desculpas à família e diz que "adotará medidas para evitar que situações como essa voltem a acontecer".

    A empresa, porém, nega que a criança ficou desacompanhada. "A companhia reforça que a todo momento o menor esteve assistido por um colaborador da Gol e que imediatamente manteve contato com a família para prestar a assistência necessária."

    Reprodução/Facebook
    Wanderson Romão --- "GOL, MEU FILHO NÃO É MALA PARA SER EXTRAVIADO"
    Wanderson Romão, pai da criança de seis anos que foi para em Curitiba por erro da Gol

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