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    Zona Azul passa a ser digital; arrecadação pode aumentar em 77%

    PAULO GOMES
    DE SÃO PAULO

    05/12/2016 14h06

    Paulo Gomes/Folhapress
    Talões falsificados de Zona Azul; a versão física do serviço deixou de ser aceita nesta segunda (5)
    Talões falsificados de Zona Azul; a versão física do serviço deixou de ser aceita nesta segunda (5)

    A partir desta segunda-feira (5) o motorista não poderá mais utilizar a versão física da Zona Azul, que autoriza o estacionamento em determinadas áreas nas ruas de São Paulo. Agora, são aceitos apenas os cartões virtuais, comprados por meio de aplicativos para smartphone.

    O objetivo da prefeitura com a extinção do serviço por papel é acabar com as fraudes –segundo a gestão Haddad, em 2015 houve uma perda de R$ 50 milhões com talões falsificados. As vendas legais totalizaram R$ 65 milhões. Se as perdas tivessem sido arrecadadas, totalizaria R$ 115 milhões no ano, ou seja, 43% da arrecadação possível foi desviada em falsificações.

    Para o secretário de Transportes, Jilmar Tatto, a "farra dos flanelinhas e falsificadores" acabou. "A partir de hoje (o uso da versão em papel) é fraude, seja falso ou não", disse Tatto nesta segunda, em entrevista à imprensa.

    Para utilizar a versão digital, o motorista tem que baixar um dos dez aplicativos disponíveis –outros 16 estão em análise– e cadastrar a placa de seu veículo.

    Ainda é possível obter a autorização para estacionar nas vagas de Zona Azul em pontos de venda credenciados, como bancas de jornal, farmácias e quiosques. Segundo o secretário, a cidade já conta com 454 pontos, operados por cinco empresas –mais sete estão em análise. A relação dos pontos de venda está disponível no site da CET.

    O valor para uma hora de estacionamento continua o mesmo, R$ 5. Em fases futuras, essa cobrança poderá ser feita de maneira fracionada, como meia hora ou 15 minutos. Tatto também disse ser possível implementar um sistema de reserva de vagas por meio dos aplicativos já no final de fevereiro –a depender da nova gestão na prefeitura– e que os valores também podem ser variáveis a depender da oferta e procura.

    Quem ainda possui os talões pode efetuar a troca no posto da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) na rua Senador Feijó, 143, 1º andar, na Sé. As folhas são reembolsadas por R$ 4,50 cada e passam por perícia no momento da troca para aferir a originalidade. De acordo com o secretário, 17% das folhas entregues eram falsas.

    JEITINHO

    Apesar de a mudança ter sido anunciada há quase um ano e o serviço digital estar em funcionamento desde julho, os motoristas em São Paulo ainda não estão acostumados ou preferem ignorar a obrigatoriedade.

    No final da manhã desta segunda, a reportagem presenciou mais de um carro estacionado em vagas de Zona Azul sem autorização, deixando o pisca-alerta ligado. Abordado, um dos motoristas disse que não estava nem sabendo da mudança. "Acho que a folhinha é melhor, mais prática", afirmou, ao saber da novidade.

    "Estou sem (Zona Azul), posso ser multado", disse, na rua Floriano Peixoto, centro da cidade. A multa por estacionar sem Zona Azul é grave, dá 5 pontos na carteira de motorista e tem o valor de R$ 195,23.

    O funcionário público Alessandro Martins, 45, diz que costuma utilizar a folha e que sabia da mudança, mas que ainda não baixou algum dos aplicativos. "Não sei nem o caminho para ativar", diz. Ele afirma preferir a versão física. "Você tem acesso fácil, compra em qualquer lugar. Esse aí (digital) é trabalhoso."

    Na rua Florêncio de Abreu, o vendedor credenciado Luiz Paulino, 53, comemora a nova versão. Desde 1990 ele trabalha na região vendendo as folhinhas. "Antes chamavam a gente de flanelinha. Agora somos uma cooperativa", diz Paulino, com uma máquina de cartão na mão.

    Apesar de trabalhar autorizado por uma das empresas que oferecem o serviço, ele afirma que o grosso da sua renda ainda vem de gorjetas dos clientes. "O pessoal aqui já me conhece, 90% sempre deixa caixinha", diz. "Se for só pelo aplicativo a gente ganha pouco. De cada R$ 5 vendido [o valor da hora] a gente fica com 35 centavos."

    Infográfico: Raio-X da Zona Azul

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    TIRE DÚVIDAS

    1. Como funciona a Zona Azul por celular?
    O motorista precisa baixar um dos seis aplicativos disponíveis gratuitamente nas lojas virtuais e fazer um cadastro, inserindo dados pessoais, como nome, CPF, email, números do celular, do cartão de crédito e das placas dos veículos que usarão o serviço.

    2. Quanto vai custar?
    Cada hora de crédito custa R$ 5, mas se o motorista optar pela compra de dez créditos, terá um desconto (R$ 45). O pagamento pode ser feito com cartão de crédito, débito ou boleto bancário –a depender do aplicativo.

    3. E como funciona a compra de crédito da Zona Azul Digital em pontos de venda autorizados? É preciso baixar o aplicativo nesse caso também?
    Toda empresa credenciada pela CET para operar com aplicativos deve disponibilizar ao usuário uma forma alternativa de ativação do cartão, para atender quem estiver sem internet ou com qualquer falha na comunicação. Algumas oferecem a opção de ativação por SMS e outras oferecem centrais de atendimento telefônico com capacidade para ativação. O usuário deve consultar a empresa responsável pelo aplicativo para verificar as alternativas disponíveis.

    4. Posso programar os créditos?
    Sim. Após estacioná-lo, se o período vencer, o dono do carro poderá programar mais créditos de onde estiver. Vale lembrar que após o uso de dois CADs na mesma vaga, é obrigatório mudar de local para continuar a usar outros cartões.

    5. O motorista será avisado do fim do período?
    Sim, o aplicativo emite alarmes por meio de mensagem de texto, informando que o período está acabando.

    6. Como ficam as vagas de estacionamento de caminhão? E o Bolsão Caminhão?
    Nos trechos voltados para o estacionamento de caminhão, caminhonete e veículo misto use um CAD para 30 minutos e dois CADs para 1 hora –conforme indicado na placa. Quando esses tipos de veículos usam as vagas fora do bolsão ou estacionam no Bolsão Caminhão da r. Santa Rosa e da r. Eurípedes Simões de Paula vale a regra geral (um CAD para uma hora e dois CADs para duas horas).

    7. E a Zona Azul do parque do Ibirapuera e de outras áreas especiais?
    Em áreas consideradas especiais o tempo de validade do crédito é diferente e está indicado na placa de sinalização. Nos parques Ibirapuera e Aclimação, por exemplo, um CAD vale para duas horas e dois CADs para quatro horas. Na praça Charles Miller (Pacaembu) um CAD vale para três horas e dois CADs para seis.

    8. Como funcionará em vagas para idosos e deficientes?
    Nessas vagas, além do CAD também é obrigatório manter no painel do veículo o cartão DeFis ou o cartão Idoso, emitidos pelo DSV (Departamento de Operação do Sistema Viário).

    9. Como o agente da CET fiscaliza?
    Os mesmos palm tops usados pelos marronzinhos para aplicar multas servirá para fiscalizar a Zona Azul eletrônica. O sistema informa o agente se o carro pagou ou não pelo estacionamento quando ele digitar o número da placa no palm top.

    10. Os créditos comprados sem utilização expiram?
    Não.

    11. O que fazer com as folhas e talões de Zona Azul já adquiridos?
    A partir do dia 21 as folhas de Zona Azul (em papel) não poderão mais ser utilizadas. Os talões e folhas adquiridos poderão ser reembolsados até 30 de dezembro na gerência comercial da CET. De segunda a sexta, sempre das 8h às 17h, na r. Senador Feijó, 143, 1º andar. O valor máximo para o reembolso em dinheiro é de até R$ 450 equivalente a dez talões. Para quantidades acima deste limite o reembolso será efetuado por meio de cheque.

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