• Cotidiano

    Friday, 03-May-2024 10:11:09 -03

    Polícia indicia cinco por queda de helicóptero com filho de Alckmin

    WÁLTER NUNES
    SIDNEY GONÇALVES DO CARMO
    DE SÃO PAULO

    07/12/2016 13h05 - Atualizado às 15h40

    Reprodução/Facebook/geraldoalckmin
    Geraldo AlckminThomaz, Sophia e Geraldo. Satisfação de pai é ver os filhos reunidos. http://instagram.com/p/YvvIhEmKvw/ ---- https://www.facebook.com/geraldoalckmin/photos/a.10150572162707837.479789.96033897836/10152435865497837/?type=1&theater
    Thomaz Alckmin e os irmãos, Sophia e Geraldo

    A Polícia Civil concluiu que os mecânicos José Carlos das Neves e Erick Martinho são os responsáveis diretos pela queda de um helicóptero no dia 2 de abril de 2015 em Carapicuíba, na Grande São Paulo.

    Os dois são funcionários da Helipark, empresa responsável pela manutenção da aeronave. Neves foi indiciado por homicídio culposo qualificado. Martinho era uma das cinco pessoas que morreram no acidente. Entre as vítimas, estava Thomaz Alckmin, 31, filho caçula do governador de SP Geraldo Alckmin (PSDB).

    O relatório, assinado pelo delegado Marcos César dos Santos e entregue ao Ministério Público paulista, diz que o acidente aconteceu por "negligência e imperícia por parte dos técnicos envolvidos na manutenção".

    O delegado também responsabilizou outros quatro funcionários: o técnico Élson Dias Sterque Júnior e o gerente Edson Makoto Ashida, por homicídio culposo qualificado em coautoria; o operador de rádio Felipe Silva Guimarães, por falso testemunho; e o supervisor de segurança Benedito Augusto dos Santos, por ter alterado as imagens gravadas no computador.

    Em junho passado, o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Aeronáutica, já havia concluído uma possível falha na manutenção da aeronave teria causado o acidente. De acordo com o Cenipa, o helicóptero estava com dois componentes –fundamentais para que o piloto comandasse a aeronave– desconectados, e o problema já acontecia no momento da decolagem.

    Sobre o operador de rádio, Felipe Silva Guimarães, o delegado aponta que ele teria mentido no depoimento ao afirmar que o voo havia demorado cerca de 12 minutos –investigação aponta que o voo durou menos de 60 segundos. Guimarães também teria dito que o comandante da aeronave havia pedido por rádio retorno ao hangar –o que não ocorreu.

    Além de Thomaz e de Martinho, outras três pessoas morreram no acidente: o mecânico Paulo Henrique Moraes, 42, funcionário da empresa Seripatri, e o mecânico Leandro Souza, 34, funcionários da Helipark, e o piloto Carlos Haroldo Isquerdo, 53.

    O helicóptero modelo EC 155 B1 foi fabricado pela empresa Eurocopter France. Ele pertencia à Seripatri Participações, do empresário José Seriperi Júnior, controlador também da empresa Qualicorp, administradora de planos de saúde.

    O relatório afirma que não é possível dizer se Thomaz Alckmin estava no controle da aeronave, mas especula que "dificilmente o controle seria entregue a ele".

    O Ministério Público de São Paulo afirmou que recebeu o inquérito policial sobre a queda do helicóptero e que a promotora de Justiça responsável pelo caso está dentro do prazo legal para avaliar o resultado das investigações da Polícia Civil e decidir se oferece denúncia contra os investigados.

    THOMAZ NÃO VOLTA

    O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse nesta quarta (7) que a conclusão do inquérito policial não trará seu filho de volta, mas é importante para evitar que acidentes como esse voltem a ocorrer.

    "Não vai trazer de volta o Thomaz, o nosso filho. É importante para você evitar que os fatos se repitam. Sempre a lógica de uma investigação de acidente, seja aéreo seja terrestre, tem esse sentido, de você ter a investigação para poder verificar qual foi a causa e evitar que ela se repita. Esse é o grande sentido", disse o governador após evento no Palácio dos Bandeirantes.

    Nesta quarta, o tucano lançou um mapa interativo para consulta de acidentes fatais. O Infomapa será uma ferramenta de georreferenciamento capaz de mostrar a exata localização dos acidentes no Estado de São Paulo.

    "É uma ferramenta importantíssima porque conseguiremos identificar em que local aconteceu o acidente, se foi de bicicleta, carro e se houve outra ocorrência naquele mesmo lugar."

    OUTRO LADO

    A Helipark afirmou que é absurda a hipótese apontada no relatório do inquérito policial de que a aeronave decolou com um componente imprescindível ao voo desconectado.

    "Essa hipótese é absurda do ponto de vista técnico, sendo equivalente a imaginar-se dirigir um automóvel com a barra de direção solta. Tratando-se de um helicóptero, o mero acionamento dos motores provocaria o tombamento lateral da aeronave ainda na pista", disse, em nota.

    A empresa diz ainda que os fatos levantados no inquérito foram questionados por especialistas e comandantes de helicópteros, mas não foram sequer consideradas pela autoridade policial.

    A Helipark diz que aguarda a manifestação do Ministério Público Estadual e que a empresa segue convicta de seu "absoluto comprometimento com as normas técnicas que regem a manutenção aeronáutica e acredita que a verdade surgirá, ao término de uma investigação efetiva e imparcial".

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024