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    Rio de Janeiro

    Rio tem transição silenciosa e com queixas entre times de Paes e Crivella

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    10/12/2016 02h00

    AFP PHOTO / Yasuyoshi Chiba
    O prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), à esq., e o atual prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB), durante reunião de transição das gestões
    Prefeito eleito, Crivella (à esq.), e o atual prefeito da cidade, Eduardo Paes, durante reunião de transição

    A transição entre as gestões Eduardo Paes (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB) no Rio ocorre sob absoluto silêncio e com queixas da equipe do prefeito eleito. A nova gestão precisa adaptar as promessas eleitorais a um orçamento 4,5% mais enxuto ante 2016.

    Quase um mês e meio após vencer a eleição, nenhum secretário foi oficialmente anunciado. O trabalho da equipe de transição começou apenas 20 dias após o resultado. E, de acordo com colaborador próximo de Crivella, há dificuldade na obtenção de informações sobre a atual administração.

    "As informações demoram a vir. Quando elas vêm, vêm de forma incompleta. O Eduardo [Paes] escolheu uma pessoa que tem uma postura de não colaborar com a nova administração. O clima entre o Crivella e o Eduardo é bom. Mas a transição não está acontecendo", afirmou Marcello Faulhaber, que elaborou o programa de governo do prefeito eleito e participa da equipe de transição.

    Ex-subsecretário da Casa Civil no início da gestão Paes, Faulhaber afirma que o município também não cedeu todos os servidores solicitados –apenas uma, especialista em orçamento, auxilia o grupo.

    Paes afirmou em nota que "tem feito todo o esforço para que a transição entre os governos da cidade do Rio de Janeiro seja feita de maneira transparente".

    "No entanto, a não definição dos nomes de quem vai comandar as secretarias na próxima gestão dificulta o processo de repasse de dados com os atuais gestores", disse o peemedebista, em nota.

    Parte das decisões a serem tomadas pela equipe de transição também tem esbarrado na indefinição sobre os nomes que ocuparão o primeiro escalão da prefeitura. Crivella ainda não anunciou nenhum nome -apenas o vereador Carlos Eduardo (SD) é dado como certo na Saúde.

    "Um dos produtos que queremos entregar é o plano dos cem [primeiros] dias. Mas como a gente faz um plano desse sem saber quem é o secretário?", disse Faulhaber.

    Uma das dificuldades de Crivella é conciliar a redução prometida no número de pastas com a acomodação de todas as siglas que o apoiaram no segundo turno, como o PMDB, PSD e PSDB. O secretariado deve ser reduzido a perto da metade das atuais 24.

    Contribui também para as dificuldades nesse processo de transição é o estilo centralizador e vagaroso de Crivella ao tomar decisões.

    Logo após a eleição, Crivella viajou para Israel para descansar e discutir com autoridades locais o plano municipal de segurança. Neste período, viralizou na internet um vídeo com uma brincadeira entre Paes e um assessor, que imitava o prefeito eleito numa falsa reunião inaugural de transição.

    Vídeo Eduardo Paes

    "Diferente do Eduardo, ele não é nem um pouco ansioso. Crivella tem outro timing", declara Faulhaber.

    A equipe do prefeito eleito trabalha numa sala na sede da Firjan, no centro da cidade. Eles buscam ajustar as promessas de Crivella ao orçamento de R$ 29,5 bilhões do ano que vem, R$ 1,4 bilhão menor do que este ano.

    Na Câmara Municipal do Rio, aliados de Crivella propuseram a inclusão rubricas ao orçamento para programas que devem ser implementados na nova gestão, como auxílio na expansão do metrô e PPP para construção de creches.

    A equipe de Crivella também trabalha na edição dos decretos a serem assinados em seu primeiro dia de governo. Ele deve prever a revisão de contratos de custeio de cerca de 25%.

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