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    Transição Paulistana

    Promessa para marginais vira dor de cabeça de Doria às vésperas da posse

    RODRIGO RUSSO
    DE SÃO PAULO

    11/12/2016 02h00

    A partir de janeiro do ano que vem, os motoristas que transitarem pela marginais Pinheiros e Tietê precisarão de atenção redobrada para evitar multas por desrespeito a uma salada de limites máximos de velocidade.

    A depender do trecho e até da faixa, as máximas deverão ser de 50 km/h, 60 km/h, 70 km/h, 80 km/h e 90 km/h.

    Esse cenário de confusão se deve à decisão do prefeito eleito João Doria (PSDB) de reverter parte do programa de redução de velocidades implementado pela gestão Fernando Haddad (PT). O que parecia simples na promessa eleitoral vem se mostrando muito mais complexo durante a atual fase de transição.

    Na campanha, Doria disse que aumentaria as velocidades nas pistas local (de 50 km/h para 60 km/h), central (de 60 km/h para 70 km/h) e nas expressas (de 70 km/h para 90 km/h). Após a eleição, porém, passou a matizar a própria proposta, que valerá integralmente apenas em certas partes das marginais.

    Até o momento, a futura administração não detalhou quais os limites máximos que valerão nos diversos trechos dessas vias. Sabe-se, por exemplo, que será particularmente desafiador dirigir na pista local das marginais, onde a velocidade máxima atual é de 50 km/h.

    LIMITE POR FAIXA

    No cenário mais provável até o momento, Doria manterá apenas a faixa à direita nessa velocidade, enquanto as demais faixas dessa mesma pista terão limite maior, de 60 km/h.

    No Código de Trânsito Brasileiro, não há disciplina sobre situação como essa, e não há registro de experiência similar em via de grande porte na cidade de São Paulo.

    A lei estabelece apenas que, quando uma pista comportar várias faixas no mesmo sentido, as da direita são destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos e de maior porte, e as da esquerda servem à ultrapassagem e ao deslocamento de veículos de maior velocidade.

    Especialistas em trânsito avaliam que essa medida pode causar confusão para os motoristas e gerar multas em casos de conversões de faixas. Será preciso intensificar campanhas e implementar placas e sinais de orientação aos motoristas.

    Ainda em relação às pistas locais, a nova administração deseja colocar grades em calçadas e mudar a posição das faixas de pedestres nos acessos a essas vias, com a justificativa de evitar atropelamentos e acidentes.

    A ideia é recuar pontos de travessia dessas ruas e avenidas para lugares mais distantes das esquinas com as marginais –considerados menos perigosos pelo tucano.

    Essas medidas devem fazer parte do futuro programa Marginal Segura, a ser lançado por Doria e sua equipe de transportes ainda neste mês.

    Marivaldo Oliveira - 19.set.16/Código19/Folhapress
    Movimentação na marginal Pinheiros, no sentido bairro, próximo à raia olímpica da USP, na zona oeste de São Paulo
    Movimentação na marginal Pinheiros, no sentido bairro, próximo à raia olímpica da USP, na zona oeste

    OUTRAS PISTAS

    Na pista central, a equipe do tucano já sinalizou que a velocidade máxima de 70 km/h será reduzida para 60 km/h em alguns trechos.

    Mais recentemente, em reunião com o Ministério Público, Doria admitiu que também poderá manter velocidades inferiores a 90 km/h em certos locais da via expressa das marginais.

    O critério que deverá orientar essa redução é a segurança do trânsito. Para evitar acidentes, o futuro programa Marginal Segura também deve contemplar ações de fiscalização para coibir a presença de pedestres e motocicletas nas vias expressas.

    Hoje é frequente a presença de vendedores ambulantes nessas pistas, especialmente nos pontos de congestionamento, ficando assim mais expostos aos riscos de atropelamento.

    O desafio da nova gestão será conciliar esse aumento das velocidades com a queda das mortes em acidentes alcançada após a redução dos limites adotada por Haddad.

    Um ano depois de a medida entrar em vigor, a soma de acidentes fatais nas duas vias caiu pela metade. De julho de 2014 a junho de 2015, foram 64 acidentes com mortes, contra 31 ocorrências do tipo nos 12 meses seguintes.

    Por essa razão, Doria tem sido criticado por especialistas e pressionado por entidades de pedestres, ciclistas e ligadas a campanhas contra violência no trânsito –inclusive por movimentos ligados ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), seu principal cabo eleitoral.

    Desafios de Doria

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