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    Após décadas de abandono, castelinho no centro de SP tem nova fachada

    SIDNEY GONÇALVES DO CARMO
    EMILIO SANT'ANNA
    DE SÃO PAULO

    12/12/2016 14h02

    Bruno Poletti/Folhapress
    Fachada do Castelinho da rua Apa é restaurada; ainda não há data para abertura do espaço
    Fachada do Castelinho da rua Apa é restaurada; ainda não há data para abertura do espaço

    Depois de décadas de esquecimento e abandono, a fachada do Castelinho da rua Apa –como se popularizou–, no centro de São Paulo, foi restaurada e o prédio deve ser reaberto até meados de fevereiro de 2017 –inicialmente, seria em outubro passado.

    A restauração do castelinho já chama a atenção de quem passa pela região. Localizado na esquina da avenida São João com a rua Apa, o prédio passou para as mãos do governo federal, foi disputado por herdeiros, abandonado, invadido, virou ferro-velho e acumulou uma série de histórias sobrenaturais ligadas ao crime da tradicional família Guimarães Reis.

    Ali, na noite de 12 de maio de 1937, após uma discussão por causa dos negócios da família, o empresário Álvaro César dos Reis, então com 45 anos, foi encontrado morto ao lado do irmão Armando, 42, e da mãe, Maria Cândida, 73. À época considerado um playboy, Álvaro foi apontado como o autor dos crimes que logo depois se suicidou.

    Em março de 1997, o espaço foi cedido ao Clube de Mães do Brasil, organização não governamental dirigida por Maria Eulina Reis Silva Hilsenbeck, ex-moradora de rua.

    Após ser reaberto, o castelinho terá oficinas para crianças. "A ideia é promover no castelinho oficinas de confecção com material reciclável e aulas de culinária para crianças de escolas públicas", conta Claudineia Viana, uma das administradoras da ONG.

    RESTAURO

    Construído entre 1912 e 1917, o castelinho faz parte da primeira ocupação urbana do bairro de Santa Cecília, sendo um dos poucos remanescentes do início do século 20 na cidade –que reflete a realidade da belle époque paulistana. O prédio é tombado pelo Conpresp (órgãos de preservação municipal).

    O restauro foi bancado com verbas do FID (Fundo Estadual de Interesses Difusos), que tem o objetivo de financiar projetos destinados ao ressarcimento à sociedade de danos causados, entre outros, ao meio ambiente e a bens artísticos, estéticos, históricos e turísticos.

    Nos cerca de 300 metros quadrados da construção não havia telhado e assoalho em muitos dos cômodos. Dos ladrilhos hidráulicos e batentes, poucas peças restaram. Mesmo assim, a partir de fotos da época e do que encontraram na casa, os restauradores refizeram tudo de acordo com o projeto original, afirma Ronald Lofredo Júnior, 33, engenheiro responsável pela obra.

    Piso e ornamentos internos voltaram a ser do jeito que a família Reis planejou ainda na década de 1910. Durante o restauro, algumas características curiosas vieram à tona. A torre do Castelinho, por exemplo, aponta o engenheiro, foi projetada para ficar de frente para rua Apa. "Com a mudança no curso da São João, eles resolveram mudar a frente para a avenida depois que ela começou a ser erguida", afirma.

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