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    Minhocão ganha novo jardim vertical e chega a 4.000 m² de paredes verdes

    FERNANDA PEREIRA NEVES
    DE SÃO PAULO

    16/12/2016 12h42 - Atualizado às 16h42

    Uma das regiões mais cinzas da capital paulista, o Minhocão, ganhou seu sétimo jardim vertical e entrou de vez na guerra das maiores instalações desse tipo no mundo. Uma disputa sem perdedores em que a cidade ganha com mais verde e menos poluentes no ar.

    O novo jardim já pode ser visto na empena cega (lateral sem janelas) do edifício Bonfim, na rua General Júlio Marcondes Salgado, com cerca de 1.500 m2 e 83 mil mudas.

    Segundo o Movimento 90°, que idealizou o projeto, é o maior jardim vertical da América e o terceiro maior do mundo.

    O "Guinness 2015" reconhece o da companhia Cleanaway, na China, como o maior do mundo, com quase 2.600 m2. Basta, porém, dar uma busca na internet para encontrar outros candidatos ao título, às vezes, autoproclamados vencedores em Cingapura, Colômbia, Austrália, Coreia do Sul.

    Somadas as sete instalações na região do Minhocão, o corredor verde chega a 4.000 m2 de jardim. Assim como ocorreu anteriormente com os outros prédios, o edifício Bonfim não teve nenhum gasto com o projeto –o R$ 1,3 milhão foi financiado pelo grupo Tishman Speyer, por conta de um termo de compensação ambiental.

    ATRASO

    Iniciado no final do ano passado, o projeto previa dez jardins na região do Minhocão até o fim de 2016, o que não ocorreu devido à demora na liberação pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente, afirma o Movimento 90°.

    Os três últimos, porém, já têm local e projetos definidos, podendo ser entregues até fevereiro. "A montagem a gente consegue fazer em 20, no máximo, 40 dias", afirma o designer Guil Blanche, um dos criadores do coletivo.

    Segundo a Secretaria do Verde e Meio Ambiente, há dois pedidos de instalação de jardins verdes para o entorno do Minhocão em fase de análise. Os pedidos foram feitos em setembro e não têm prazo para que sejam liberados.

    "Temos 500 prédios com capacidade de receber até 280 mil m2 de jardim na cidade. A gente conseguiria construir novas áreas verdes sem usar o solo, mas com potencial ambiental gigante", afirma Blanche.

    As empenas cegas eram determinadas pelo Código de Obras de São Paulo que valeu da década de 1920 até 1992. Segundo ele, as paredes voltadas para o sul não deveriam ter janelas ou corredores para ventilação por que acreditava-se, na época, que o vento sul era perigoso para a saúde e teria ligações com doenças como a pneumonia.

    Os construtores, então, deixavam uma grande parede voltada para a face sul a fim de cumprir a lei. Além disso, o código determinava que apenas as fachadas voltadas para a rua ou para a área interna do terreno deveriam receber tratamento arquitetônico.

    NOVE DE JULHO

    Após a conclusão do corredor verde do Minhocão, o Movimento 90° planeja levar o projeto para a avenida Nove de Julho. "É um lugar com fluxo de carros e de ônibus muito grande. E é um dos maiores polos de poluição da cidade. Nossa ideia é isolar o centro, depois Jardins, até lá embaixo no Itaim. A gente consegue atravessar a cidade isolando bastante a cidade da poluição, filtrando essa poluição", diz Blanche.

    Depois da Nove de Julho, o grupo espera levar os corredores verdes para a avenida Brigadeiro Luís Antônio e para a rua da Consolação. As conversas com representantes do prefeito eleito João Doria (PSDB) já começaram para fechar as futuras parcerias.

    Para fazer um jardim verde é necessário que o condomínio interessado envie uma "carta de intenção" e documentação à Secretaria do Verde e Meio Ambiente. Após aprovação é necessário assinar termo de cooperação entre prefeitura e condomínio para prosseguir com o processo.

    Os jardins urbanos funcionam como filtros de partículas finas, e, segundo o coletivo, os do Minhocão absorvem 16 toneladas de poluentes por ano, entre fumaça do ar, poeira e dióxido de carbono.

    O último relatório do Banco Mundial aponta que o ar contaminado matou 2,9 milhões de pessoas em 2013.

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