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    Folha Verão

    Ostentação dá lugar à pechincha na badalada praia de Jurerê, em Floripa

    JEFERSON BERTOLINI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS (SC)

    18/12/2016 02h00

    Adriel Douglas / Divulgação
    Festa no clube de praia P12 em Jurerê Internacional (SC), tradicional pela ostentação
    Festa no clube de praia P12 em Jurerê Internacional (SC), tradicional pela ostentação

    Nas quadras arborizadas e limpas de Jurerê Internacional, a praia de Florianópolis que atrai a elite do Brasil e do exterior, a ostentação deu lugar à pechincha –embora a etiqueta local prefira o termo "negociação".

    "Hoje está se aceitando negociação [no aluguel de imóveis]. Não tem mais a intransigência de anos atrás", diz Ivo Steinhaus, que há 27 anos atua no segmento em Jurerê.

    Acostumado a consumidores exigentes, em anos anteriores ele já deixou de alugar imóveis onde o piso inclinado da garagem faria a Ferrari do cliente arrastar no chão ou onde o quintal era irregular para pousar o helicóptero.

    O corretor Daniel Adenir Santos, com seis anos de atuação em Jurerê, diz que a procura por casas de alto padrão está 20% menor nesta temporada frente à anterior e que os pedidos têm sido fechados "após muita negociação".

    Além da procura menor, os turistas de alta classe têm locado imóveis mais em conta. "Pessoas que alugavam casas com diária de R$ 10 mil ou mais têm procurado imóveis de até R$ 4.000." a vista para o mar, entretanto, ainda continua em alta. A diária de uma casa de seis suítes, de frente para o Atlântico, custa até R$ 15 mil.

    Na hora da praia, os serviços do badalado destino de lazer, na região norte da ilha catarinense, continuam distintos como sempre.

    ESPUMANTE NACIONAL

    Nos "beach clubs" na orla, o champanhe mais caro sai por R$ 11,5 mil. Na praia, onde ambulantes vendem espumante, a diária de uma lancha com marinheiro e churrasqueira chega a R$ 17 mil. Mas a crise econômica fez diminuir o número de pessoas dispostas ou capazes de fazer extravagância.

    O resultado são mudanças de hábitos ou preço menores. Para muitos, será uma temporada com menos glamour. Se nos "beach clubs" como o La Serena e o Donna a expectativa é de movimento dentro da média, no Grupo Novo Brasil, proprietário do "Beach Club" e de outros seis do gênero como P12 e Le Barbaron, a situação muda.

    Para os donos deste grupo não haverá a extravagância habitual nesta temporada. "Os clientes não deixaram de vir, mas diminuiu a média de consumo. Eles migraram dos champanhes importados para espumantes nacionais", diz Aroldo Cruz Lima, sócio do Grupo Novo Brasil.

    PROMOÇÃO

    Além das negociações, a palavra "promoção", pouco utilizada em anos anteriores em Jurerê Internacional, aparece agora com força nos dicionários dos corretores imobiliários e hoteleiros locais. Para manter os imóveis de alto padrão alugados, as imobiliárias da praia têm baixado seus preços, sob pena de não terem clientes.

    Algumas fecham por R$ 30 mil pacotes que custavam R$ 80 mil. Outras têm parcelado em até três vezes os 50% do sinal do contrato e reduzido o tempo de locação para menos de dez dias. Nos hotéis de luxo de Jurerê, onde a diária de uma suíte custa até R$ 1.700, a taxa de ocupação se mantém estável, mas o visitante tem retardado as reservas.

    "Sentimos que a procura para a alta temporada está acontecendo mais próxima às datas de hospedagem, ao contrário de 2015, quando havia antecipação de reservas", diz Andrea Gusmão, do Il Campanário Villagio.

    A crise também tem impacto entre os prestadores de serviço de luxo. Glenio Mundim, que aluga lanchas para a alta classe, diz que a procura está 50% menor nesta temporada frente à anterior. "Na última temporada já sentimos uma queda grande. Mas neste ano está pior."

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