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    Tamara Riabosapko (1922-2016)

    Mortes: Ucraniana, fugiu dos gulags soviéticos para São Paulo

    PAULO GOMES
    DE SÃO PAULO

    19/12/2016 00h00

    Em 1943, sob a sombra dos campos soviéticos de trabalho forçado, o casal Tamara e Nicola fugiu com a filha bebê da Ucrânia. Foram parar em um campo de refugiados na Áustria, onde conviveram com as explosões de bombas nos arredores e com o preconceito.

    Grávida da segunda filha e com fome, deparou-se com uma vendedora de maçãs numa estação de trem. Viu o cesto cheio e pediu uma –negada. Apontou outra, no chão. A mulher fez não com a cabeça. A família seguiria para a Itália. Em Roma, Nicola vendeu chocolates e cigarros nas ruas, e Tamara trabalhou em casas de famílias.

    As dificuldades deste período marcaram a jovem. Pelo resto da vida, trabalharia duro e seria uma pessoa generosa com os necessitados. Não raro, emprestava dinheiro para pessoas próximas que passavam por dificuldades.

    Terminaram a rota de fuga pegando um navio para Buenos Aires, mas a mulher adoeceu e desceram no Rio, onde viram pela primeira vez coisas como banana e café. No início, Tamara tinha medo daquele líquido preto.

    Atrás de emprego, foram para São Paulo, em 1946. Viveram no depósito de um posto de gasolina, e ela passou a vender, nas feiras e de porta em porta, as roupas que a dona de uma pequena confecção produzia.

    A renda a permitiu abrir um pequeno comércio, um armarinho ao qual se dedicou até o fim da vida. Mesmo no dia em que nasceu a terceira filha, Tamara trabalhou. Morreu no dia 8, aos 94, após uma pneumonia. Deixa as filhas Elena e Halina, Natalia (em memória), quatro netos e cinco bisnetos.

    coluna.obituario@grupofolha.com.br

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