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    Três 'gigantes' consagram a Paulista como principal eixo cultural de SP

    FERNANDA MENA
    DE SÃO PAULO

    19/12/2016 02h00

    Em 2017, após investimento de quase R$ 300 milhões, três gigantes vão despontar na avenida Paulista e consolidar uma mudança de perfil do cartão-postal: de centro comercial e financeiro para eixo das artes de São Paulo.

    Três centros culturais abrirão suas portas nos dois extremos da via no segundo semestre, o que transformará o endereço no principal corredor cultural da capital. Estreiam ali a Japan House, o novo Sesc Paulista e o Instituto Moreira Salles Paulista, todos com projetos arquitetônicos arrojados, pensados para abrigar exposições, cinemas, teatros, bibliotecas e restaurantes em estruturas verticais.

    Todas essas iniciativas se juntam ao decano Masp, de Lina Bo Bardi, à Casa das Rosas, ao Itaú Cultural, ao Centro Cultural Fiesp, a livrarias, teatros e 54 salas de cinema.

    "A Paulista já vinha se desenhando como o grande eixo cultural de São Paulo", avalia Flávio Pinheiro, superintentende-executivo do Instituo Moreira Salles. "A presença desses três edifícios consolida isso."

    Para Marcello Dantas, diretor de programação da Japan House, ambicioso projeto do Ministério das Relações Exteriores do Japão que conciliará arte, tecnologia e negócios em edifício projetado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, a avenida "está sob um processo de ressignificação e revalorização".

    "Poucas cidades do mundo têm essa concentração de equipamentos culturais. Com as três instituições, São Paulo ganha sua praça criativa, sua ilha de museus, como existe em cidades como Nova York e Berlim."

    BULEVAR

    Com isso, a Paulista ganha ao menos 15 novas exposições por ano, espalhadas pelas três instituições, além de mais de uma centena de eventos, entre seminários, oficinas, espetáculos e concertos, e um provável bulevar.

    Isso porque Sesc Paulista e Itaú Cultural, edifícios vizinhos, cada um numa esquina da rua Leôncio de Carvalho, propuseram à prefeitura o fechamento de parte da via para a criação de um calçadão com iluminação e mobiliário urbano. O projeto, já avalizado por algumas secretarias, será apresentado ao futuro prefeito João Doria (PSDB).

    "Queremos promover a animação deste espaço, respeitando seus usos atuais, para o lazer e a contemplação da população", explica Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, cuja nova unidade terá 15 andares e um restaurante na cobertura, com vista para a avenida.

    O prédio já abrigou a sede do Sesc, mas estava fechado desde 2010 para reforma. Reabre agora como unidade Paulista, com salas de espetáculos, espaço de exposição e os equipamentos que acompanham os Sesc, a não ser o ginásio e a piscina. A unidade terá atividades com foco no corpo e na tecnologia.

    "Vamos propor a formação de um grupo ou uma rede de entidades da Paulista para que possamos defender os interesses não imobiliários nem financeiros nem de gentrificação, mas da cultura como peça de melhoria e transformação da cidade", diz Miranda.

    CORREDOR

    Segundo Lorenzo Mammì, coordenador-chefe de programação do IMS Paulista, a avenida está virando um corredor não só de cultura mas também de práticas sociais. A este segundo ponto, os projetos do IMS e da Japan House prestam tributo especial. Em ambos os casos, os térreos dos edifícios formam praças contíguas com a calçada.

    Desde que a Paulista abriu só para pedestres aos domingos, a permeabilidade entre espaço público e privado passou a ser algo desejável. "O prédio traz a rua para dentro do instituto. O desafio é dar conta da transformação da avenida e ser um espaço mais ativo", diz Mammì.

    Para o futuro subprefeito da Sé, Eduardo Odloak, a avenida seguirá aberta para pedestres aos domingos e há interesse em fazer parcerias público-privadas para financiar shows nas ruas. "O espaço já foi conquistado pela população. O desafio é a zeladoria."

    Segundo ele, a ocupação das calçadas por artistas não pode ser abusiva. A proliferação de camelôs é outra preocupação. "Calçada deve ser ocupada por pedestre."

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    Paulista, diversão e arte

    Abertura de três novos centros culturais em 2017 consagra a avenida Paulista como principal eixo cultural de São Paulo

    Japan House

    Divulgação
    Projeto do edifício Japan House
    Projeto do edifício Japan House, na altura do número 52 da Paulista

    O que é: Primeira de três unidades que o Ministério das Relações Exteriores do Japão vai construir no mundo para disseminar a imagem do Japão contemporâneo, com foco em cultura, tecnologia e negócios. O espaço terá exposições, palestras, performances e eventos, além de biblioteca e restaurante-café nipônico
    Projeto: Kengo Kuma e FGMF Arquitetos
    Área: 2.500 m²
    Inauguração: 2º semestre de 2017
    Investimento: R$ 100 milhões

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    Instituto Moreira Salles Paulista

    Divulgação
    Projeto do Instituto Moreira Salles, na altura do número 2.424 na Paulista
    Projeto do Instituto Moreira Salles, na altura do número 2.424 na Paulista

    O que é: Centro cultural do IMS em São Paulo, com sete andares, todos com pé direito duplo, onde serão realizadas exposições, aulas e oficinas. O espaço abriga ainda um cineteatro, uma biblioteca especializada em fotografia (com 10 mil itens e cursos livres), uma livraria e um café-restaurante
    Projeto: Andrade Morettin Arquitetos
    Área: 6.082 m2
    Inauguração: julho de 2017
    Investimento: R$ 80 milhões

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    Sesc Paulista

    Divulgação
    Projeto do Sesc Paulista, na altura do número 125 da Paulista
    Projeto do Sesc Paulista, na altura do número 125 da Paulista

    O que é: Ex-sede do Sesc e da Federação do Comércio, o edifício está em reforma desde 2010 e abrigará uma nova unidade do Sesc com salas de espetáculos, oficinas culturais e espaço para exposições com foco em arte, corpo e tecnologia, além de espaço para leitura e uma área para comer na cobertura
    Projeto: Königsberger Vannucchi
    Área: 15.807 m²
    Inauguração: 2º semestre de 2017
    Investimento: R$ 100 milhões

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    Paulista, 125

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