Como qualquer apaixonado, Torquato Celso Caleiro de Carvalho tinha, mesmo aos 80 anos, um entusiasmo quase adolescente. Em seu caso, era a emoção do jovem que aguarda a idade e o documento que permitirá a primeira voltinha atrás do volante.

Engenheiro mecânico pela FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), esse francano, que chegou sozinho à capital paulista, aos 17 anos, para estudar, conseguiu seu primeiro emprego na GM (General Motors), em São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo, nos anos 1950. Ficou até se aposentar.

Por todos esses anos, sempre teve um carro da marca na garagem, acompanhava corridas pela TV e resvalava em assuntos relacionados a carros em quase todas as suas conversas. Curiosamente, foi apenas uma vez acompanhar a F-1 em Interlagos (zona sul), lembra a mulher, Teresa.

Apesar de ambos serem de Franca (a 400 km de São Paulo), Torquato engatou o namoro com Tê apenas na capital paulista. Casaram-se no início dos anos 1960 e ficaram juntos até o fim –fariam 50 anos de casados em janeiro.

No dia a dia, longe dos carros, Torquato era calmo, quieto, caseiro. Gostava de programas familiares, pequenas reuniões com os amigos, jogos do Corinthians na TV. Mesmo sem explicação, dizia não gostar de sair em fotos.

Há cerca de seis meses, desenvolveu um carcinoma (tumor maligno desenvolvido a partir de células epiteliais) na região da boca, que evoluiu até levá-lo à morte, no último dia 13. Estava com 80 anos. Deixa a mulher, dois filhos, dois netos e dois irmãos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas