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    Aposentada morre após esperar leito em UTI por 37 dias em São Paulo

    OLÍVIA FREITAS
    DO "AGORA"

    22/12/2016 02h00

    A costureira aposentada Maria Lucia Machado, 62, morreu no dia 30 de novembro após esperar um leito em uma UTI por 37 dias. Um dia depois da morte dela, a Justiça determinou que a Prefeitura de São Paulo, da gestão Fernando Haddad (PT), a internasse em uma unidade intensiva.

    Maria Lucia, que era cardíaca, tinha sofrido um infarto em setembro. No dia 25 de outubro, foi internada no Hospital Municipal Dr. Alexandre Zaio, na Vila Nhocuné (zona leste), apresentando insuficiência respiratória aguda. A unidade não possui leitos de terapia intensiva.

    Rubens Cavallari/Folhapress
    Priscila Machado, filha da costureira aposentada Maria Lúcia Machada, 62, que morreu na fil da UTI
    Priscila Machado, filha da costureira aposentada Maria Lúcia Machada, 62, que morreu na fil da UTI

    Segundo a filha da costureira, Priscila Machado, 37, os médicos disseram que ela precisava ser internada em uma UTI e começaram a pedir uma vaga à Crue (Central de Regulação de Urgência e Emergência), órgão da prefeitura responsável por intermediar serviços de saúde municipais e estaduais.

    Dias depois de estar entubada, Maria Lucia teve uma melhora, e o pedido foi cancelado. Mas seu estado piorou e ela teve de ser entubada novamente. Nesse período, o hospital fez um segundo pedido de UTI, quando Maria Lucia piorou novamente. Seu nome voltou para a lista da Crue.

    Priscila procurou a Defensoria Pública em 3 de novembro. O órgão então entrou com uma ação na Justiça. Inicialmente, a Justiça deu 48 horas para que a prefeitura explicasse o motivo de a paciente não ter sido internada em uma UTI, mas não houve resposta.

    Em 30 de novembro, Maria Lucia morreu. No dia seguinte, a Justiça determinou que a prefeitura abrisse uma vaga para ela. "Se da primeira vez ela tivesse conseguido, teria se recuperado. Ela estava bem, o cardiologista disse isso uma semana antes de ela falecer", diz a filha. "Negaram a chance para ela".

    'MESMOS CUIDADOS'

    A Secretaria Municipal da Saúde, da gestão Fernando Haddad (PT), afirmou por meio de nota que a costureira aposentada Maria Lucia Machado, 62 anos, recebeu no Hospital Municipal Alexandre Zaio "os mesmos cuidados intensivos que receberia em uma unidade de terapia intensiva, inclusive com acompanhamento multiprofissional".

    Segundo a prefeitura, o hospital "é uma unidade com capacidade de atendimento aos casos de pequeno e médico porte, portanto não conta com UTI". A pasta afirmou que o primeiro pedido de vaga na UTI foi feito no dia 25 de outubro. Depois, disse, a paciente apresentou piora, e novo pedido foi feito no dia 11 de novembro.

    A secretaria não explicou o motivo de não ter conseguido uma vaga em UTI. Disse apenas que busca vagas em unidades municipais e estaduais. A Secretaria de Estado da Saúde, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), não se pronunciou oficialmente.

    A Crue (Central de Regulação de Urgência e Emergência) é o órgão municipal, sob gestão de Fernando Haddad (PT), responsável por intermediar a transferência de pacientes em estado grave entre hospitais estaduais ou municipais que ofereçam serviços de urgência. A Crue é acionada pelos médicos da unidade hospitalar onde o paciente está internado, quando a unidade não possui UTI.

    O paciente é adicionado ao sistema Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde), gerido pelo governo do Estado, sob a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), e a Crue, com base em critérios de risco, busca vagas seguindo a grade de urgência e emergência pactuada entre a prefeitura e o governo do Estado.

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