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    Hélio Vígio (1934-2016)

    Mortes: Polêmico, Hélio Vígio foi temido como lutador e policial

    WILLIAN VIEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    25/12/2016 00h00

    Ele alcançou a fama no esporte e na polícia –e não pelas mesmas razões. Lutador de jiu-jitsu e árbitro renomado no vale-tudo, Hélio Vígio foi também delegado temido, numa época sombria da polícia carioca. Até hoje, seu nome reverbera com dupla conotação: medo e admiração.

    Quando, em 1948, emancipado aos 14, entrou para a academia de Carlos Gracie, o jiu-jitsu atraía os homens mais destemidos. Alcançou a rara faixa vermelha. Lutou vale-tudo –desde os 17, em embates sem luva ou intervalo– e foi instrutor para a Polícia Civil.

    Em 1964, quando entrou na corporação, fez logo parte da maior perseguição policial da história do Rio. Foi na favela do Esqueleto. O grupo de "caça aos criminosos" do detetive Le Cocq perseguia Cara de Cavalo. O oficial estava no fusca de Vígio quando foi morto pelo traficante –que depois levaria 52 tiros. Entre os justiceiros estaria Vígio.

    "A polícia era a ideologia dele", diz o filho Redley. "O sucesso veio como preparador no Vasco." Comandou a delegacia antissequestro. Nos anos 1980, foi acusado de espancar presos. Ao que disse: "bandido só respeita repressão". Até virar árbitro. Em 1984, mediou a luta de Molina e Behring. Quando a equipe de Molina jogou a toalha, Vigio a pegou, enxugou o rosto e a jogou pra fora do ringue. Em 1993, arbitrou o primeiro torneio UFC; um ano depois, estava na lista da propina de um bicheiro. Foi absolvido e, em 2004, aposentou-se.

    Morreu no dia 15, após um câncer. Para a polícia, foi "referência para seus pares". Para os lutadores, uma "lenda". Só não se pode dizer que passou em branco na vida.

    coluna.obituario@grupofolha.com.br

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