• Cotidiano

    Monday, 06-May-2024 10:52:39 -03

    Folha Verão

    Em farofa sofisticada, amigos fazem vaquinha e levam chope até a praia

    JULIANA GRAGNANI
    ENVIADA ESPECIAL A SÃO SEBASTIÃO (SP)

    26/12/2016 02h00

    Bruno Santos/Folhapress
    Bertioga, SP, BRASIL, 10 -12-2016: Na foto, o grupo de amigos que possuem apartamento na praia da Riviera de São Lourenço, comprou um carrinho de Chopp para levar para a praia. Na foto (esq p dir): Osvaldo Junior (61), João Carlos (59), Henri Mendes de Castro (53), Angela Ferrini (53), Renata Vieira (45) e Gabriela Ost (42). (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** COTIDIANO *** EXCLUSIVO FOLHA***
    Vizinhos de condomínio confraternizam ao redor de carrinho de chope; mensalidade chega a R$ 70

    Para eles, nada melhor do que um chope na praia, sempre à mão, sem que seja preciso dar mais que três passos para tirá-lo e, então, apreciá-lo gelado, no conforto da cadeira, sob a sombra do guarda-sol, pé na areia, o mar logo ali na frente.

    Para viabilizar esse sonho, vizinhos de condomínios da Riviera, no litoral norte de São Paulo, se juntam para criar "clubes do chope".

    Compram carrinhos de chope por cerca de R$ 5.000 –em que o barril é refrigerado com 150 kg de gelo– e cobram mensalidade para quem quiser participar.

    Com o dinheiro arrecadado, financiam os barris da temporada e promovem um "open chope" na areia.

    Nesta praia, onde 15 a 20 mil pessoas passam os fins de semana, segundo Paulo Velzi, 60, da Sobloco, empresa que implantou a Riviera, há ao menos 15 clubes de chope que compram barris do vendedor Valdo Blanco, de Bertioga. Na alta temporada, diz Velzi, o número de pessoas que circula por ali cresce para 85 mil. Para parte deles, a "farofa" é sofisticada.

    Faz calor e, às 15h de um sábado, os vizinhos do condomínio Ilha de Bali estão reunidos na praia embaixo de uma tenda, chopes gelados em mãos. A cerveja para esses integrantes do "Bali Chopp Club", ali desde cedo, foi testada no dia anterior por Carlos Matias, 60, ex-síndico do prédio e um dos idealizadores do grupo, que hoje tem oito membros. "Tem um ritual", diz ele, orgulhoso, espuma nos lábios. "Tomei vários chopes ontem para testar o sabor e verificar a temperatura."

    O carrinho é levado à praia por dois funcionários do condomínio, pagos à parte pelo clube, e fica estacionado na areia. Barris são comprados de acordo com a ocasião –como um feriado ou aniversário de alguém– e o preço é compartilhado entre todos. "No fim do ano, vão uns 12 barris de 50 litros", diz Matias.

    Mas em outros condomínios, bastam que três ou quatro integrantes do clube estejam na praia para que o carrinho saia da garagem.

    No Clube de Chopp Caravelas, os 19 apartamentos participantes contribuem com R$ 70 por mês durante o ano inteiro –o valor já vem na conta do condomínio dos membros do clube e a contabilidade é feita à parte. Mas é agora, na temporada, que vão utilizar mais o dinheiro em caixa para comprar os barris, já que é a época em que a maioria dos membros vai à praia.

    O status financeiro do clube alegra os moradores: conseguiram juntar um caixa de R$ 7.000. "Dá para tomar um porre, um banho de chope", diz, contente, Gino Dalpiaz, um dos membros do Caravelas. Neste fim de ano, conta, "vão 30 ou 50 litros por dia".

    O clube expandiu tanto que, depois das canecas personalizadas, seus membros mandaram fazer bonés para a turma com o nome do clube bordado nas peças azuis. "Temos até cadeiras com a cor diferente", diz Dalpiaz. "É nossa maldição, o chope!"

    No edifício de Velzi, o Casa del Mar, "todo mundo é chegado num chope", ri ele. Na última reunião de condomínio, decidiram comprar um carrinho, que "vai ser inaugurado agora no verão 2017".

    AMIZADE

    Como não poderia deixar de ser, beber chope o dia inteiro na praia uniu os integrantes dos clubes, que acabaram ficando amigos e não apenas vizinhos.

    "O carrinho de chope é um meio, não um fim", filosofa Matias. "Nosso lema é a integração." Quando não há a quantidade suficiente de membros na praia para comprar um barril, é comum que "migrem" para clubes nos espaços da areia ao lado, segundo Dalpiaz, criando uma integração também entre os edifícios vizinhos.

    "Cada um leva alguma coisa e assim a gente vai se enturmando. O João, outro integrante, é da ala do 'tomatinho', da 'cenourinha', coisa mais light. Tem a ala dos queijos também, e assim vai."

    No condomínio do comerciante Henri Mendes de Castro, 53, além do carrinho de chope, vizinhos compartilham no Réveillon um presunto ibérico Pata Negra por quase R$ 2.000. "A peça é cortada extremamente fininha por um vizinho que é cirurgião plástico", diz ele.

    De sunga, Castro tira um chope –"tem que ter espuma!"– e junta os vizinhos para brindar em frente ao mar.

    CALOR

    O calor vai continuar intenso ao menos até a próxima sexta-feira (30) em todo o litoral paulistano, com temperaturas entre 30ºC e 37ºC nas praias de Santos, Guarujá, São Sebastião e Ubatuba, assim como na capital, que teve.

    Nesta segunda (26), a probabilidade de chuva em São Sebastião, por exemplo, é de 80%. Na terça (27), a temperatura deve seguir elevada, na casa dos 36ºC, mas com pouca possibilidade de chuva. No Guarujá, pode chegar a 37ºC.

    De acordo com o CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), o calor também segue firme em São Paulo. Os termômetros na capital devem registrar 32°C até quarta-feira (28), com possibilidade de chuva, principalmente no fim de tarde. Na quinta, a temperatura deve recuar ligeiramente e ficar em 26°C.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024