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    Antonio Lancetti (1949-2016)

    Mortes: Desde pequeno, dedicou-se aos excluídos

    PAULO GOMES
    DE SÃO PAULO

    28/12/2016 00h00 - Atualizado às 23h53
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    Reprodução
    António Lancetti (1949- 2016)
    O psicólogo Antonio Lancetti (1949-2016)

    Em uma escola católica para meninos ricos em Buenos Aires, um aluno judeu é forçado pelos colegas a se deitar no chão, simulando uma cruz, e agredido a pontapés.

    O garoto Antonio Lancetti se deparou com a cena e intercedeu. Ele também era perseguido. Não pela religião, mas por sua origem social.

    Filho de proletários, teve acesso aos estudos no colégio destinado aos mais abastados quando o pai conquistou o emprego de zelador em um edifício nobre.

    À medida que crescia, desenvolvia o senso crítico contra a opressão social. Formou-se em psicologia e integrou a militância contra o governo militar argentino.

    Vivia com um amigo em um apartamento que servia como depósito para as armas do grupo. Quando o colega entrou para a estatística de desaparecidos da ditadura, Antonio deixou o país.

    Radicou-se no Brasil, onde foi pioneiro do movimento contra manicômios. Como antes, promoveu dignidade aos que não se enquadravam.

    Atuou também no setor público, nos governos de Santos, São Bernardo do Campo e São Paulo -onde foi consultor do programa que defende uma abordagem mais humana aos dependentes químicos da cracolândia.

    "Talvez o De Braços Abertos seja a trincheira mais visível da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica brasileira", escreveu em março, em artigo nesta Folha.

    Morreu no dia 14, aos 67, após mais de três anos de luta contra um câncer no pâncreas. Deixa a companheira dos últimos 18 anos, Heidi, os filhos Matias e Viviana, e um neto a caminho.

    coluna.obituario@grupofolha.com.br

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