• Cotidiano

    Tuesday, 23-Apr-2024 10:26:28 -03

    Polícia prende um dos suspeitos de espancar ambulante morto no metrô

    ROGÉRIO PAGNAN
    WALTER PORTO
    DE SÃO PAULO

    AMANDA GOMES
    DO "AGORA"

    27/12/2016 23h00 - Atualizado às 10h47

    Reprodução
    Alipio Rogerio Belo dos Santos e Ricardo Martins do Nascimanto, suspeitos de espancar o ambulante Luiz Carlos Ruas até a morte dentro da estação dom Pedro II, da linha 3-vermelha do Metrô paulista, na região central de São Paulo
    Alipio dos Santos e Ricardo do Nascimento, suspeitos de espancar o ambulante até a morte

    A Polícia Civil prendeu na noite desta terça (27) Ricardo do Nascimento Martins, 21, um dos suspeitos do espancamento que causou a morte do ambulante Luiz Carlos Ruas, 54, na estação Pedro 2º do Metrô paulista.

    A informação foi confirmada à Folha pelo delegado Osvaldo Nico Gonçalves, diretor do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade).

    Segundo ele, Nascimento foi preso na casa de um amigo em uma favela em Vinhedo (a 79 km de São Paulo). O paradeiro de Alípio Rogério Belo dos Santos, o outro suspeito do crime, ainda é desconhecido.

    Veja

    Nascimento e o primo, Alípio, foram flagrados em vídeo de câmeras de segurança e por testemunhas espancando Ruas na estação Pedro 2°, da linha 3-vermelha do Metrô. Segundo testemunhas, os primos agrediram duas travestis quando o camelô interferiu na briga e passou a ser atacado. Ele fugiu, mas foi derrubado e espancado dentro da estação. Não havia seguranças no local.

    Os dois agressores escaparam, e Ruas morreu no hospital, horas depois. Ruas trabalhava havia duas décadas como vendedor ambulante em frente à estação Pedro 2º. Ele foi agredido até a morte na noite de domingo (25) na área livre do mezanino, próximo à bilheteria da estação.

    Martins não resistiu à prisão e acabou transferido para a sede do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), no centro de São Paulo, ainda na noite desta terça. Na chegada ao DHPP, Martins afirmou que estava arrependido. Ele disse que nada justifica o que fez, mas que estava "muito encachaçado" (bêbado) na hora do ataque.

    Espancamento no Metrô de SP
    Dois homens espancaram o vendedor Luiz Carlos Ruas na estação Pedro 2°

    Martins afirmou também que, naquela noite, pensou ter apenas agredido Ruas, não matado. Ele disse ainda que não conversou mais com o primo desde o dia do crime, e que cada um foi para um lado.

    Testemunhas deverão fazer ainda nesta quarta (28) o reconhecimento do preso. A dupla teve decretada prisão temporária de 30 dias por homicídio qualificado e agressão a outras duas travestis.

    O advogado da dupla, Marcolino Nunes Pinho, disse não se tratar de um caso de homofobia. Segundo ele, seus clientes alegam que partiram para briga naquela noite porque Alípio dos Santos teve o celular roubado por um grupo de pessoas do lado de fora da estação Pedro 2°, da linha 3-vermelha do Metrô paulista, entre elas uma travesti, onde as câmeras do Metrô não conseguem captar.

    MANIFESTAÇÃO

    Cerca de cem pessoas, entre elas de defesa da causa LGBT, compareceram no início da tarde desta terça (27) para um protesto na estação onde Ruas morreu. Convocada pelas redes sociais pelo jovem Bruno Diego Alves, 25, a manifestação pediu mais segurança aos usuários do sistema metroviário de São Paulo e o fim da homofobia.

    "Espero que fique de exemplo, para que a morte do Luiz Carlos Ruas não se repita. Pagamos imposto caro, tarifa alta, e não temos segurança ao usar o metrô. Dinheiro tem, o que falta é vontade", criticou.

    O protesto, que começou ao lado da estação e logo migrou para as bilheterias, durou cerca de 50 minutos. Nenhum agente de segurança do Metrô estava presente na estação.

    ENTERRO

    O corpo do vendedor foi enterrado nesta terça (27) no Cemitério da Paz, em Diadema (Grande SP), com a presença de parentes e amigos.

    Também nesta terça, o governo de São Paulo anunciou uma recompensa de R$ 50 mil para quem repassar informações que possam levar à prisão dos dois agressores.

    "Não há a necessidade de realizar cadastro ou identificação pessoal, garantindo assim o sigilo absoluto", diz nota do governo paulista.

    Colaborou RODRIGO RUSSO, de São Paulo

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024